Arthur Schopenhauer

Quem disse que a vida é oscilação eterna

Entre o sofrimento e o tédio?

Como te atreves a perturbar o sagrado repouso do nada

Para criar este mundo de aflição e agonia? Quem disse?

A volúpia é bestial e a bestialidade é circunspecta,

Ávida, não conta piadas durante a demente ação.

A verdadeira meta da vida clama por um fim do cansaço,

Isso vemos nos rostos descansado dos mortos

Entre as rosas e glicínias que ornamentam sua palidez.

Para todos o presente é água escapando pelos dedos,

O passado, uma lembrança trêmula e oscilante,

O futuro, imprecisão, dúvida e temeridade.

Esse curto sonho da vida,

Enfeitado de flores e lágrimas incessantes

É fugaz comparado ao prolongado sono da matéria

Para onde caminha todo pó que se desfaz, inerte, sem pranto.

O casulo que renasce na primavera em meio à festa e à alegria

É semelhante ao homem que desperta numa manhã de verão.

Mas tudo é passageiro, não convém ligar-se por afetos,

Eterno mesmo só Shiva e o colar de cabeças mortas

Sua mão ostentando o lingam que replica amor e juventude,

Por quem, ilusoriamente, se lançam em uma terra de espinhos,

Num mar sujo de sargaços sobre pontas  de corais vermelhos.

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