Se no seu automóvel você passa numa estrada do campo,
Acenando amigavelmente para o camponês jovem que trabalha suado,
Quebra momentaneamente a disciplina de uma vida mourejada
Como se carrilhões de sinos trouxessem para bem próximo as bem-aventuranças
E houvesse a possibilidade de, subitamente, acontecer algo muito bom, uma redenção,
Uma notícia longínqua de amor, um clarão que cintila no céu, auspicioso
Por onde escapam anjos solícitos e jubilosos.
Essa esperança logo morre quando o automóvel some na curva da estrada
E volta às sombras o olhar que fugazmente brilhara, desejoso de alvíssaras.
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