Quando o pai de nosso pai morreu
Nosso pai tinha um ano de idade.
Cresceu órfão, sem pai. Tinha um tio.
Nosso pai falava dele sempre.
Morava longe, em outro estado.
Um dia apareceu em nosso povoado, lá no Tocantins.
Era branco, de olhos azuis, cabelos brancos, ralos,
Gordinho, pernas arqueadas. Andava devagar,
Vergando um pouco para a direita e para esquerda a cada passo,
Parecendo um pato. Contava pilhérias.
Nosso pai e nossa mãe riam muito
E nós ríamos também.
Nosso pai levava ele por toda a vilazinha
Num passo vagaroso.
Nós íamos atrás, seguindo os dois, bem devagar.
Conversava com todas as pessoas e contava pilhérias.
As pessoas riam muito, nosso pai ria muito,
E nós, sempre um passo atrás, ríamos,
Ríamos muito também.
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