O xadrez

Naquele ano se mudara para outra cidade, cheio de alegria e de projetos.

No mesmo ano outros concluíram um ciclo escolar,

Terminaram uma tese, iniciaram outros tabuleiros e escaladas,

Sempre temerosos de dar um passo em falso.

Uns planejavam uma viagem deliciosa à casa da avó em outro estado.

Outros, após muitos intentos e economias,

Viajaram para conhecer o Rio de Janeiro, ou mais além, a Buenos Aires!

Muitos se casaram com lágrimas de alegria,

Outros se separaram com lágrimas de tristeza.

 

Nossos sonhos são volúveis, passam da alegria ao pranto

Bem rapidamente como um bálsamo volátil.

Na verdade, estamos continuamente a jogar xadrez, a fazer escolhas,

Mas só podemos saber se escolhemos acertadamente muito tempo depois.

Aquelas pessoas que nos amavam, nos respeitavam

E nos apontavam as melhores jogadas e apostas,

Eram as torres de nosso tabuleiro.

Os peões nos gritavam nas ruas, chamavam para brincar,

Dividiam conosco alegremente um doce.

E a rainha, ah, a rainha de delgada silhueta,

Quando aparecia todo pranto cessava,

Ouvia-se uma música serena, os carrilhões dobravam,

E parece que surgiam, no meio da noite cerrada,

Cascatas de pétalas rubras, luminosas na madrugada.

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