Viagem à Grécia Journey to Greece

 

 

Viajar é horrível. Paulo Francis, aquele jornalista e escritor brasileiro, muito inteligente e mal-humorado, escreveu uma vez numa de suas crônicas que o ser humano se desloca no mundo com muita dificuldade e sofrimento. Na época, quando li isso, eu era jovem, tinha ânsias de viajar, mas não tinha dinheiro, e não entendi muito bem a afirmação. Hoje concordo. Ele era terrivelmente ferino. Muita gente ainda se lembra de sua cara na televisão, na rede Globo, da qual foi correspondente em Nova York por muitos anos até morrer em 1997. Aquela cara redonda, de bebê Johnson, vermelha de tanto gin, colérica, espinafrando alguma vítima.

Também não tinha nenhuma simpatia pela vida de turista o filósofo alemão Arthur Schopenhauer, outro famoso mal-humorado e rabugento. Quem quiser saber o que ele pensava sobre turistas e pessoas que estão sempre a viajar, procure nas redes. É demolidor.

Fui a Atenas em dezembro/2022. Viajar, apesar de cansativo, traz pelo menos um benefício importante: se você for observador, pode captar informações significativas de como o resto dos homens, mundo afora, está enfrentando a batalha da vida. Se ficamos muito tempo presos em casa, envolvidos em nosso trabalho e nossos problemas pessoais, acabamos por perder a dimensão do mundo, do “mundo, mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo, seria uma rima, não seria uma solução”.

Ler em jornal ou ver na televisão não é a mesma coisa que ver as pessoas ao natural, em seu habitat, com seus rostos angustiados, entediados, raramente contentes.

Comprei minhas passagens na TAP portuguesa, ida e volta, porque é uma das poucas companhias aéreas que oferecem voos diretos de Brasília para cidades da Europa. As outras companhias partem apenas do Rio ou São Paulo.

Viagem tumultuada. As companhias vendem passagens com conexões muito apertadas. Qualquer atraso em um voo prejudica tomar a próxima conexão e perturba sua vida.

Comprei minhas passagens ida e volta assim: Brasília-Lisboa-Berlin, porque eu queria passar três dias em Berlin para comprar livros e mais algumas coisas, depois Berlin-Atenas. Na volta era Atenas-Munique-Lisboa-Brasília.

 

Berlim

O avião chegou atrasado em Lisboa e perdi a conexão para Berlin. Colocaram-me num voo para Frankfurt para chegar lá e pegar um outro avião para Berlin com intervalo de apenas 20 minutos!!  Pedi à aeromoça para me deixar sair do avião primeiro quando eu chegasse a Frankfurt para não perder a conexão e desgraçar a minha viagem de vez. Ela me olhou e disse: por que o senhor não comprou passagens com um intervalo maior? Não posso ajudá-lo.

Quando saí do avião em Frankfurt, não me contive e falei bem alto para a tripulação que se despedia dos passageiros: Que desorganização, não é? Eles devem ter pensado: “Mais um brasileiro fazendo escândalos”. Aí pensem num velho correndo feito louco nos corredores de um grande aeroporto, arrastando uma mala, sem fôlego.

Eu devia ter chegado a Berlin às 13hs, às 18hs eu estava saindo de Frankfurt, e a senhora do hotel em Berlin me enviando mensagens perguntando sobre minha chegada, porque o hotel não tinha portaria e ela tinha de me passar as chaves antes de fechar às 22hs. Expliquei. A foto desse hotel na internet impressiona, um grande edifício, bonito. Diárias caras. Pensei que fosse um hotel normal, com porteiros 24hs. Nada. Parece que é administrado por algumas senhoras. No dia em que fui embora saí às 7:00hs da manhã, bati na porta de vidro onde estava a Senhora preparando o café para entregar-lhe as chaves. Ela me atendeu rispidamente assim: O café é só às 8:00, o Senhor não viu aqui o horário?. Volte às 8:00. Então tive de responder também rispidamente: Mas eu não quero o seu café, quero apenas fazer o check out e chamar um táxi!.

A Alemanha parece que anda azeda e nervosa. Talvez o nervosismo por causa das ameaças de guerra, as avalanches de imigrantes refugiados, especialmente da Ucrânia, não sei.

Sempre me saí bem no metrô de Berlin, com um mapinha na mão. Mas desta vez não. Parece que houve ou está havendo algumas reformas. Tive de me dirigir a alguém para me informar, coisa que não gosto de fazer. Me dirigi a um senhor de idade como eu, que estava em pé na plataforma do metrô aguardando. Falei, pedi a informação. Ele continuou em pé, sem me olhar, sem responder, me ignorando totalmente. É uma das maneiras mais efetivas de você dizer ao outro que ele é um nada, de mostrar o seu desprezo e seu nojo pelo interlocutor. Lembrei-me de um livro que li há muito tempo, de um jornalista russo na Segunda Guerra (Um Escritor na Guerra – Vasily Grossman). Ele conta que soldados alemães numa cidade ucraniana ocupada, cagavam na frente das pessoas, na rua, como se elas não existissem, sem nenhuma vergonha. Por que ter vergonha se o outro já não é mais um ser humano para você? É como cagar no mato perto de um cachorro ou de outro animal. Desumanização do outro é isso.

A Alexanderplatz, famosa praça de Berlin, sobre a qual Alfred Döblin escreveu o livro “Berlin, Alexanderplatz”, e Fassbinder e outros cineastas transformaram em filmes, foi um dos motivos para minha ida a Berlin dessa vez. Pretendo escrever um texto no Livro Alemão sobre o romance de Döblin e a Berlin dos anos 20. Eu estava lá, fazendo algumas observações da praça quando precisei me informar sobre alguma coisa. Dessa vez me dirigi a um grupo de adolescentes que estavam por ali a brincar. Foram muito respeitosos, confabularam entre si sobre a minha pergunta e, por fim, me passaram a informação exata, educadíssimos. Portanto uma dica: Quando forem à Alemanha, se tiverem de solicitar alguma informação a alguém, perguntem a adolescentes. Eles ainda não foram contaminados pela amargura.

Outra dica: Em Berlin, uma ida à loja de produtos culturais (livros, discos, impressos em geral, etc.) Dussman KulturKaufhaus já compensa a viagem. É uma dessas livrarias enormes, sobreviventes, que a Amazon ainda não derrubou. Fica na Friedrichstrasse, bem perto do cruzamento com a Unter den Linden. Se forem lá aconselho irem vestidos com uma camiseta T shirt leve. Quando fui, na rua a temperatura era 4º celsius, portanto bem frio, e dentro da loja estava pelo menos 40º. Eu tinha entrado com uma jaqueta e um pulôver. Fiquei só com o pulôver mas sofri um calor terrível, sede, nas horas que passei lá dentro. Eles ligam os aquecedores pra assar qualquer um.

No aeroporto de Berlin, embarcando para Atenas, os procedimentos de segurança são sui generis. Quando estou fora de casa, tenho o hábito (de todo velho esperto e precavido) de encher os bolsos de trás da calça de papel higiênico dobrado, para alguma emergência. E carrego meu dinheiro, quando em viagens, numa bolsinha na cintura, por debaixo das cuecas. Alguns chamam essa bolsinha de doleira. Em Brasília, Lisboa e Atenas a segurança dos aeroportos se preocupa em barrar metais, líquidos, vidros, etc. que podem ser transformados em armas. No Aeroporto Brandenburg de Berlin não. Enquanto não retirei os papéis higiênicos dos bolsos e a doleira das cuecas eles não me deixaram passar. Isso na frente de uma multidão que morria de rir. Viajar é horrível. Mas não fiquei nem um pouco encabulado, pois só estava a pensar que em breve iria realizar meu sonho de pisar em Atenas, embora tão tardiamente na vida.

 

Atenas

 

Hotel Omiros. Simples e barato, mas muito bem localizado no centro de Atenas, na rua Apollonos, pertinho dos metrôs Syntagma e Monastiraki, com porteiros 24hs muito simpáticos. Para uma estadia econômica em Atenas, pode apostar sem riscos de arrepender-se.

Lugar lindo e maravilhoso. Povo extremamente bem-educado. Quando se pede informação a alguém, eles caminham com você até o lugar, se for próximo. Inacreditável. Talvez porque a economia deles é muito centrada no turismo, então eles são carinhosos com os turistas.

Decorei a frase em grego: Desculpe, não entendo grego: Signome, den katalaveno eleniká, e repetia para todos que queriam falar comigo. Bem que eu queria entender e falar, mas não deu.

Há uma grande faixa para caminhantes que leva até à Acrópole, chamada Dionysiou Areopagitou por onde os turistas vão e vêm e os gregos, especialmente idosos, ficam por ali também, parece que procurando alguma prosa com os passantes.

Um dia a temperatura ambiente estava 16º e os gregos todos enrolados em casacos e cachecóis. Eu estava com a minha T shirt e as mãos cheias de sacolas de livros. Um velhinho todo de casaco gritou para mim: It’s cold, no? Eu automaticamente respondi: Signome, den katalaveno eleniká. E continuei a caminhar. Ainda ouvi ele dizer: “mas eu estou falando inglês”.

Outro dia um outro senhor idoso se aproximou de mim, me perguntou de onde era. Quando respondi ele passou a falar dos bancos brasileiros. Itaú, Bradesco. Aí a neurose brasileira do medo de ladrões e golpistas baixou em mim. Penso que não tinha nenhum perigo, talvez ele tenha trabalhado a vida toda na área financeira e conhecia os bancos de vários países, quem sabe? Mas virei as costas e fui embora, deixando o pobrezinho a falar sozinho.

Foi tudo engraçado, mas fiquei arrependido. Um velho brasileiro estava tratando os velhinhos gregos como o velho alemão o tratou, não dando atenção ao que queriam dizer.

A Acrópole é um monumento ímpar. Fiquei muito emocionado.

Se for possível, alguém deve ir a Atenas não muito velho, porque o ideal é ver tudo caminhando e há muitas ladeiras e subidas. Eu tive um problema sério de dor nos pés em minhas caminhadas. Já tinha um pouco em casa, mas lá exacerbaram-se as dores a tal ponto que fiquei desesperado no hotel, achando que não conseguiria cumprir minha missão de ver pelo menos as coisas essenciais de Atenas.

Em 2021 tive um AVC pós-Covid. Foi grave, mas recuperei-me com poucas sequelas: 95% da voz. Voltei a caminhar normalmente, com exceção de uma levíssima tendência a cair para a direita. Os pés ficaram doloridos e a perna esquerda com queimações desagradáveis. Tomo remédios antiagregantes plaquetários continuamente, para diminuir a coagulação do sangue. Então diante da crise de dor em Atenas, após muito caminhar, eu resolvi suspender esses medicamentos durante a viagem, baseado no seguinte raciocínio: se esses medicamentos afinam o sangue, o trauma de caminhar pode provocar pequenas hemorragias que podem estar edemaciando os pés e provocando as dores. Se suspendo o seu uso, haverá menos hemorragias e menos dor. Funcionou um pouco sim. As dores diminuíram.

Permaneci apenas em Atenas. Fiz um passeio de barco até Salamina só para me sentir no local onde os gregos venceram os persas numa batalha naval e salvaram a civilização ocidental, segundo Heródoto e os historiadores posteriores. Para ir a Salamina basta ir de metrô até o porto de Piréus e de lá tomar a barca até Salamina. Custa 3 euros a viagem. 6 euros ida e volta. Nem desci em Salamina, voltei no mesmo barco. Salamina hoje, parece ser apenas um bairro pobre de Atenas.

Somente no último dia em Atenas descobri as ruas dos sebos de livros usados.  Ruas Astiggos e Thisiou, pertinho de Monastiraki. Comprei as obras completas de Konstantinos Kaváfis e outros livros mais.

Na viagem de volta de novo as coisas desagradáveis das companhias aéreas voltaram a acontecer. Eu tinha comprado a passagem Atenas-Munique para chegar em Munique às 6hs da manhã e partir para Lisboa às 17hs, assim eu teria tempo de visitar aquela freira alemã da capa do Livro Alemão, que hoje, com 92 anos, vive numa casa de repouso de Munique. Pois eles mudaram o meu horário, me fazendo chegar a Munique 21hs com partida para Lisboa às 6hs da manhã do dia seguinte. Não pude fazer nada, e ainda tive de passar uma noite muito incômoda nos bancos do aeroporto.

Quando cheguei a Brasília, uma de minhas malas tinha desaparecido. Até hoje não encontraram. A TAP ofereceu um voucher de 1.200 euros para ser usado em nova viagem como “indenização”. Desolador. Parte dos livros comprados na Grécia desapareceram, inclusive os de Kaváfis.  Tanto trabalho de formiguinha para lá e para cá, com dor nos pés, para acabar assim.

Em dezembro de 2023 vou a Roma, fazer o mesmo que fui fazer em Atenas: buscar subsídio para meu Livro Latino. Espero suportar as viagens e ter mais sorte.

Meus cachorros me receberam com muita alegria.

Podemos dizer, após essa viagem, que ir à Alemanha é como ir a São Paulo. Em São Paulo todo mundo é estressado porque pensam que só eles trabalham e os outros vivem às custas deles. Julgo que na Alemanha, o motivo é o mesmo.

Ir à Grécia é como ir a Minas Gerais ou Bahia. As pessoas resistem com certa serenidade, apesar dos inúmeros perigos da vida moderna, e não se deixaram ainda contaminar pelo desespero e pelo niilismo.

 

                                Journey to Greece

Traveling is horrible. Paulo Francis, that very intelligent and ill-tempered Brazilian journalist and writer, once wrote in one of his chronicles that human beings move around the world with great difficulty and suffering. At the time, when I read this, I was young, I had longed to travel, but had no money, and I didn’t understand the statement very well. Today I agree. He was terribly fierce. Many people still remember his face on television, on the Globo network, for which he was a correspondent in New York for many years until he died in 1997. That round, baby Johnson face, red from so much gin, angry, scolding some victim.

The German philosopher Arthur Schopenhauer, another famous grumpy and moody person, also had no sympathy for the life of a tourist. Anyone who wants to know what he thought about tourists and people who are always traveling, look it up on the networks. It’s devastating.

I went to Athens in December/2022. Traveling, although tiring, brings at least one important benefit: if you are observant, you can pick up significant information about how the rest of the world is facing the battle of life. If we stay too long stuck at home, involved in our work and our personal problems, we end up losing the dimension of the world, of “world, world, vast world, if my name were Raimundo, it would be a rhyme, not a solution”.

Reading in a newspaper or watching on TV is not the same thing as seeing people in their natural habitat, with their anguished, bored, rarely happy faces.

I bought my tickets on the Portuguese TAP, round trip, because it is one of the few airlines that offer direct flights from Brasilia to cities in Europe. The other airlines only fly from Rio or São Paulo.

Tumultuous trip. Airlines sell tickets with very tight connections. Any delay in a flight makes it hard to take the next connection and disrupts your life.

I bought my round-trip tickets like this: Brasilia-Lisbon-Berlin, because I wanted to spend three days in Berlin to buy books and a few other things, then Berlin-Athens. On the way back it was Athens-Munich-Lisbon-Brasília.

 

Berlin

The plane was late in Lisbon and I missed the connection to Berlin. They put me on a flight to Frankfurt to get there and catch another plane to Berlin only 20 minutes apart!  I asked the stewardess to let me off the plane first when I got to Frankfurt so that I would not miss my connection and ruin my trip for good. She looked at me and said: why didn’t you buy tickets with a longer interval? I cannot help you.

When I got off the plane in Frankfurt, I could not contain myself and said loudly to the crew who were saying goodbye to the passengers: What a disorganization, isn’t it? They must have thought: “One more Brazilian making scandals”. Then think of an old man running like crazy through the corridors of a large airport, dragging a suitcase, out of breath.

I should have arrived in Berlin at 1 pm, by 6 pm I was leaving Frankfurt, and the lady from the hotel in Berlin was sending me messages asking about my arrival, because the hotel had no concierge and she had to give me the keys before it closed at 10 pm. I explained. The picture of this hotel on the internet is impressive, a big building, beautiful. Expensive rates. I thought it was a normal hotel, with a 24 hour doorman. Not at all. It seems that it is run by a few ladies. On the day I left at 7:00 am, I knocked on the glass door where the lady was preparing coffee to give her the keys. She answered me rudely like this: The coffee is only at 8:00, didn’t you see the time here? Come back at 8:00. Then I had to reply also rudely: But I don’t want your coffee, I just want to check out and call a cab!

Germany seems to be sour and nervous. Maybe the nervousness because of the war threats, the avalanches of refugee immigrants, especially from Ukraine, I don’t know.

I have always done well in the Berlin subway, with a little map in my hand. But not this time. It seems that there were or are some reforms going on. I had to go to someone for information, which I don’t like to do. I went to an old man like me, who was standing on the subway platform waiting. I spoke, asking for information. He continued to stand without looking at me, without answering, totally ignoring me. It is one of the most effective ways to tell the other person that he is nothing, to show your contempt and disgust for the interlocutor. I remembered a book I read a long time ago by a Russian journalist in World War II (A Writer at War – Vasily Grossman). He tells how German soldiers in an occupied Ukrainian city, shitting in front of people, in the street, as if they didn’t exist, without any shame. Why be ashamed if the other person is no longer a human being to you? It is like shitting in the bushes next to a dog or another animal. This is dehumanization of the other.

The Alexanderplatz, Berlin’s famous square, about which Alfred Döblin wrote the book “Berlin, Alexanderplatz”, and which Fassbinder and other filmmakers made into movies, was one of the reasons for my going to Berlin this time. I plan to write a text in the German Book about Döblin’s novel and the Berlin of the 1920’s. I was there, making some observations of the square when I needed to find out about something. This time I approached a group of teenagers who were playing there. They were very respectful, confabulated among themselves about my question, and finally gave me the exact information, very polite. So a tip: When you go to Germany, if you have to ask someone for information, ask teenagers. They are not yet contaminated by bitterness.

Another tip: In Berlin, a visit to the Dussman KulturKaufhaus, a store selling cultural products (books, records, printed matter, etc.) is already worth the trip. It is one of those huge, surviving bookstores that Amazon has not yet taken down. It is on Friedrichstrasse, very close to the intersection with Unter den Linden. If you go there I advise you to wear a light T-shirt. When I went there, on the street the temperature was 4º Celsius, so very cold, and inside the store it was at least 40º Celsius. I had come in with a jacket and a pullover. I stayed with just the pullover, but I suffered a terrible heat, thirst, during the hours I spent inside. They turn on the heaters to bake anyone.

At Berlin airport, boarding for Athens, the security procedures are sui generis. When I am away from home, I have the habit (as every smart and cautious old man does) of filling the back pockets of my pants with folded toilet paper for an emergency. And I carry my money, when traveling, in a small pocket on my waist, under my underpants. Some call this little bag a doleira. In Brasilia, Lisbon and Athens airport security is concerned with stopping metals, liquids, glass, etc. that can be transformed into weapons. Not at Berlin Brandenburg Airport. Until I removed the toilet paper from my pockets and the wallet from my underwear, they wouldn’t let me through. This in front of a crowd of people who were laughing their heads off. Traveling is horrible. But I wasn’t the least bit embarrassed, because I was just thinking that I would soon realize my dream of stepping foot in Athens, albeit so late in life.

 

Athens

 

Omiros Hotel. Simple and cheap, but very well located in the center of Athens, on Apollonos Street, near the Syntagma and Monastiraki subways, with very friendly 24-hour porters. For a cheap stay in Athens, you can bet you won’t regret it.

Beautiful and wonderful place. Extremely polite people. When you ask someone for information, they walk with you to the place, if it is nearby. Unbelievable. Maybe because their economy is very focused on tourism, so they are kind to tourists.

I memorized the phrase in Greek: Sorry, I don’t understand Greek: Signome, den katalaveno eleniká, and repeated it to everyone who wanted to talk to me. I wanted to understand and speak, but it was not possible.

There is a large walking lane leading to the Acropolis, called Dionysiou Areopagitou where tourists come and go, and Greeks, especially the elderly, hang out there as well, looking for some prose with the passers-by.

One day the ambient temperature was 16º and the Greeks all wrapped up in coats and scarves. I was wearing my T-shirt and my hands were full of book bags. An old man in a coat shouted at me: It’s cold, no? I automatically answered: Signome, den katalaveno eleniká. And I continued walking. I still heard him say: “but I am speaking English”.

Another day another old man approached me and asked me where I was from. When I answered, he started talking about the Brazilian banks. Itaú, Bradesco. Then the Brazilian neurosis of fear of thieves and scammers came over me. I thought that there was no danger, maybe he had worked all his life in the financial area and knew the banks of several countries, who knows? But I turned my back and walked away, leaving the poor guy to talk to himself.

It was all funny, but I was sorry. An old Brazilian man was treating the old Greek men like the old German man treated him, not paying attention to what they wanted to say.

The Acropolis is a unique monument. I was very moved.

If it is possible, one should go to Athens not too old, because the ideal is to see everything by walking and there are many hills and climbs. I had a serious foot pain problem on my walks. I already had some at home, but there the pain exacerbated to such an extent that I was in despair at the hotel, thinking I would not be able to accomplish my mission of seeing at least the essentials of Athens.

In 2021 I had a post-Covid stroke. It was severe, but I recovered with little damage: 95% of my voice. I was able to walk normally again, except for a very slight tendency to fall to the right. My feet are sore and my left leg has a nasty burning sensation. I take anti-platelet drugs continuously, to reduce the clotting of the blood. So before the pain crisis in Athens, after a lot of walking, I decided to suspend these medications during the trip, based on the following reasoning: if these medications thin the blood, the trauma of walking can cause small hemorrhages that may be swelling the feet and causing the pain. If I discontinue their use, there will be less bleeding and less pain. It did work a little bit. The pain went down.

I stayed only in Athens. I took a boat ride to Salamina just to feel at the place where the Greeks defeated the Persians in a naval battle and saved Western civilization, according to Herodotus and later historians. To go to Salamina just take the subway to the port of Piraeus and from there take the ferry to Salamina. It costs 3 euros a trip. 6 euros round trip. I didn’t even get off in Salamina, I came back on the same boat. Salamina today, seems to be just a poor neighborhood in Athens.

Only on the last day in Athens I discovered the streets of used book stores.  Astiggos and Thisiou Streets, near Monastiraki. I bought the complete works of Konstantinos Kaváfis and other books.

On the return trip again the nasty airline things happened again. I had bought the ticket Athens-Munich to arrive in Munich at 6 a.m. and leave for Lisbon at 5 p.m., so I would have time to visit that German nun on the cover of the German Book, who today, at the age of 92, lives in a retirement home in Munich. But they changed my schedule, making me arrive at Munich 9pm with departure for Lisbon at 6am the next day. There was nothing I could do, and I had to spend a very uncomfortable night on the airport benches.

When I arrived in Brasilia, one of my bags was missing. To this day they have not found it. TAP offered a voucher for 1,200 Euros to be used for another trip as “compensation”. Heartbreaking. Part of the books bought in Greece have disappeared, including those by Kaváfis.  So much ant work back and forth, with pain in my feet, to end up like this.

In December 2023 I am going to Rome, to do the same thing that I did in Athens: to seek subsidy for my Latin Book. I hope to endure the trips and have better luck.

My dogs received me with great joy.

We can say, after this trip, that going to Germany is like going to São Paulo. In São Paulo everybody is stressed because they think that only they work and the others live off them. I think that in Germany the reason is the same.

Going to Greece is like going to Minas Gerais or Bahia. The people resist with a certain serenity, despite the many dangers of modern life, and have not yet let themselves be contaminated by despair and nihilism.

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