Escutei gritos de aflição e acorri, aflito.
Bilota atravessara sob o alambrado e a tela
Cavucara sob a tela e invadira o quintal vizinho.
Os cães a atacaram e ela voltara em desespero.
Já em nosso quintal, Tõinha também a atacou, o que
Me aborreceu.
Bati em Tõinha e corri para Bilota.
Sangrava. Uma aresta, talvez, a lacerara no dorso profundamente,
Na fuga, sob farpas de arame.
Bingolé tentava lamber, ansioso, o ferimento
De onde saía sangue e um fiapo branco.
Bilota deitara sobre um coxonilho, podia ser uma linha.
Puxei, ela gritou, era um nervo. Aflição.
Dirigi, então, sozinho, com Bilota atrás, no chão do carro
Até Samambaia, às pressas, deixei tudo, o trabalho
Daquela manhã de sexta.
Já na mesa de hemostasia e sutura, um pouco sedada
Com focinheira e olhos vendados, ela rosnava baixinho
E eu sussurrava em seu ouvido: Bilota, Bilotuca…
Para ajudá-la a suportar com paciência a intervenção.
Bilotuca…
Na volta, Bingolé e Tõinha nos esperavam
Assim como Constantino Faustino.
Ao ver a turminha ansiosa, à espera no portão
E Bilota ao meu lado, olhos já abertos, mas ainda meio adormecida,
Lembrei-me de Argos.
Ah, Argos, o cãozinho fiel de Ulisses!
Dedico a tua memória essa manhã incessante.