Retorno

Não busques tua antiga cidade onde nasceste

E viveste tantos anos, e tiveste amigos agradáveis.

A casa onde moraste não existe mais.

Se ainda existe, está ocupada por pessoas estranhas, esquisitas.

Ouvir-te-ão dizer: eu plantei essa jaqueira, preparei esse jardim,

Nós brincávamos de esconde-esconde nesse beco, corríamos nessa azinhaga,

Naquele tempo enriqueci a terra ofegante,

Joguei alguns centavos de adubo ocre,

Para ver surgir do solo as zínias multicores.

Olharão para você quase com piedade.

Quem é esse louco que ninguém conhece?

E tornarão a seus afazeres.

Eles, que também não se sabe de onde surgiram,

Indiferentes, ocupam agora o espaço que foi teu,

O qual tanto sonhaste um dia rever,

Em extrema ansiedade,

Trêmulo, com grande emoção.

140 Views

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *