No princípio as criaturas são inexistentes. Então aparecem e se tornam existentes.
Depois voltam a ser inexistentes. Por que admirar-se sobre esse fato antigo?
Por que entristecer-se?
O tempo arrasta as criaturas. Não ama nem odeia.
Os viventes formam caravana em viagem para um mesmo destino,
Eternamente insondável.
“Invencível amor, armado apenas de flores, nos aplicas as feridas mais horríveis”.
Disse Kalidasa num dia de dor, já ciente que Sakuntala deu ao mundo o rei Bharata
Por quem esta fábula ensanguentada,
Florida de afetos, um dia começou.
Quem és tu envolto em bruma ilusória, rente às dobras de um alvo tule?
Posso servir-te coalhada e mel como refresco.
Ofereço também havishya, se fores um deva fecundo de auspícios,
Como bolinhos de cevada e ghee
E arroz cozido no leite açucarado.
O Krita Yuga provém do lance de dados feliz, Kali é o lance que fracassa, sem dharma.
No Kali Yuga acontecem as batalhas com feridas e mortes, degolas, empalações,
A riqueza confere virtude e a propriedade conquistada na injustiça enobrece.
Brahma tem noites e dias iguais. Coisas inumeráveis e rostos inumeráveis
Nascem num dia ou numa noite de Brahma.
Eles podem morrer, e renascer, mas Brahman, o Supremo, nunca dorme nem morre
É a luz que vela por toda criatura, o sorriso que ilumina os aflitos, levanta os caídos
Faz cada rosto abrir-se em felicidade e enfrentar com coragem a miséria do Karma.
Tudo retorna após o Kalpa, os anos longuíssimos que duram um dia de Brahma
Muitas primaveras se passam e períodos chuvosos e monções severas.
As castas passaram, invenção de um demônio, e não retornarão,
Ninguém saiu dos pés ou das vísceras de Prajapati nem devemos obediência a Manu
Viemos todos da sublime cabeça de Brahman como emanações. Todos.
Agora participamos reunidos de sua excelência, em êxtase, em júbilo.
Há muito, muito tempo, ainda havia inúmeros reis na planície do norte que lutavam.
Nas planícies e planaltos gandharvas e kinnaras formavam coros celestes.
Os reis morriam na guerra e eram levados por Yama. Pelos asuras, se eram maus.
Os súditos faziam festas porque o rei mau fora arrastado ao inferno Naraka.
Nada lhe salvaria, nem a riqueza saqueada, nem os cantos dos brâmanes,
Nem o luxo de suas mulheres,
Nem a fumaça perfumada do mais puro sândalo que subia ao céu.
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Achei este trecho da resenha de “O Mahabharata” muito impressionante. Ele fala sobre como a vida é passageira e como todos nascemos e morremos em um ciclo sem fim, que é uma ideia importante no hinduísmo. As citações de Kalidasa e as referências a Sakuntala ligam “O Mahabharata” a outras histórias indianas, tornando o contexto mais rico.
A crítica às castas e a ideia de que todos somos iguais, vindos de Brahman, são especialmente inspiradoras. Isso mostra a unidade espiritual e desafia as antigas divisões sociais. No geral, esta resenha não só resume, mas também celebra a profunda filosofia e espiritualidade de “O Mahabharata”.