Fichte foi demitido sumariamente de seu cargo de professor,
Sofreu humilhações e aflições,
Passou maus momentos por expressar suas ideias.
Bruno Bauer teve a mesma experiência.
Kant foi censurado e calado por Friedrich Wilhelm II,
Durante muitos anos.
Hegel foi mais um que se sentiu tensionado,
Porque seu salário, como dos outros, dependia do rei.
É possível assim expressar-se claramente?
Após um gênio há uma multidão de tolos que o acompanham
E o imitam e bajulam sem nunca lograrem suas alturas.
Dizem que Kant fez uma revolução tal qual Copérnico.
Kant torceu o conhecimento em direção ao sujeito,
Retirando o foco do objeto como até então se alcançara.
Os filósofos não podiam ofender a opinião dos reis,
Nem dos papas e arcebispos e toda essa gente cheia de capas,
De coroas, mitras e mesas fartas.
Hegel, séculos após Heráclito, redescobriu que tudo se move,
Inclusive a História e a Economia, o que Marx muito apreciou,
Como se tudo se chocasse continuamente em um mar revolto,
Onde uns vão ao fundo, perecem, enquanto outros sobem à luz,
Momentaneamente, apenas, porque logo aparece nova enorme onda,
E tudo balança e estremece, levando novamente alguns ao naufrágio
Enquanto outros sobem, por sua vez, ao píncaro das ondas e dos astros.
Assim continuamente, os homens, os animais, as ideias, o mundo,
São arrebatados e impelidos por uma força enigmática, perene,
Que os filósofos qualificam com nomes esotéricos
Como Ideia, Uno, Espírito Absoluto, Logos, Natureza,
Ou se recusam a nomear, porque desconhecem.