Conheci Claudia Rinklake no Pará, em Conceição do Araguaia.
Visitava amigos brasileiros, os mineiros Paulo e Perpétua Facción,
Um adorável casal, altruístas de muitas lutas,
Que moraram alguns anos em sua cidade, na Alemanha.
Sofrera na viagem até o Pará.
Muito longe, quente, teve cólicas e diarreias na estrada.
Sem falar português, pediu para parar o ônibus sem banheiro,
Entrou na capoeira, no mato.
Depois a reencontrei em Münster. Me acolheu, levou-me a conhecer seus pais
Hanni, de Johanna, e Joseph Rinklake. E seus irmãos.
Na casa deles conheci um lar alemão.
Um lar simples como é o lar da maioria dos alemães, ao contrário do que se pensa.
Almocei muitas vezes, como convidado, coxas de frango assadas e batatas cozidas.
Hanni contou que passou fome durante a guerra,
Que muitas pessoas, -mas certamente não os ricos- comeram elefantes
E outros bichos do zoológico de Münster. Porém isto era um segredo.
Hanni arrumou para mim um emprego temporário de faxineiro num supermercado,
Com o qual eu me mantive enquanto estudava latim e filosofia na Universität Münster.
Aguentei por três semestres a vida no exterior. Considero que fiz um sacrifício pela poesia.
Pois sofri, mas de lá eu trouxe bagagens importantes para meus textos futuros,
Como a lembrança agora, tão agradável
Desses anjos que tremularam as asas sobre mim e me protegeram, aliviaram o peso
Enquanto eu caminhava, fragilizado e débil, pelas alamedas de sua linda pátria.
Muito boa tua escrita sobre a família Rinklake, parabéns.
Claudia Rinklake de Münster, uma companheira inesquecível, assim como foi sua mãe e seu pai.
Vc decifrou bem essa família de trabalhadores alemães que muito sofreu na guerra. A fome na guerra levou a Hanne, por falta de algumas vitaminas perder a visão. Herr Rinklake sempre com aquele jeito bem trabalhador e que tinha pregado, dependurada na parede de sua sala de visita, como um quadro, uma marmita. Lembrança de uma vida de labuta.