Karl Marx

Entre os grandes que por aqui passaram és um dos maiores,

Porque olhaste com ternura para o sofrimento das criaturas,

Porque teu olhar normalmente calmo e investigativo

Se inquietava diante dos suplícios

Que a cada folha desdobrada dos arquivos de Londres

Com horror te deparavas

E se mostrava ali, sangrenta, imunda, diante de ti,

Consternado, abalado,

Que te esquecias até mesmo do conforto de tua mulher,

Pálida, quebrantada,

E de teus filhinhos adoentados.

E te esquecias também de Jerusalém

De todas essas peias étnicas que atam os homens,

Porque odiavas panelinhas

E grupinhos egoístas de regalias e autoproteções.

E estudavas como os homens se empenham demasiadamente

Em acumulações,

Em rapinar, em pilhar, como qualquer animal predador e violento.

E fazias mil projetos, mil reuniões, e escrevias

E sonhavas sonhos otimistas, sem pesadelos,

Tentavas agasalhar um futuro para os homens,

Prover mantas quentes para as crianças nas noites frias do abandono.

Lembras quando o vento do Norte soprava sobre Trier e tua alma jovem?

As árvores se curvavam, as folhas desciam ao chão

E um relâmpago clareava a noite.

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