Quando Billie cantava Strange Fruit
Não se voltava para conceder um bis.
Deixava o palco sem olhar para trás
Como assenta e é digno para uma rainha negra
Tomada de grande horror frente a imenso ultraje.
Atrás de seu vulto orgulhoso estavam os negros do Alabama.
Estavam todos os negros do Mississipi e Missouri.
Todos os negros de Cuba e Hispaniola.
Todos os negros da Bahia e Pernambuco.
Todos os negros de Minas e Maranhão.
Que não podiam ter orgulho,
Que diziam simsinhô e simsinhá curvando-se cabisbaixos,
Que diziam bença madrinha, bença padrim,
Que levavam tapas no rosto, cuspe na cara
Eram açoitados, injuriados e assassinados.
Todos os negros do Brasil
Que moravam nas senzalas imundas
E às vezes bebiam cachaça
Jogando trago pro santo
Enquanto suplicantes diziam: Ô meu Pai Oxalá.