Samsara

Morrer de malária em Pegu, sozinho, com tremores e arrepios,

Sem nem saber que está morrendo.

Os olhos, apenas os olhos, baços, moribundos,

Confirmam que a alma está migrando.

Um Bodisatva, daqueles que no deserto

Guia os sedentos e moribundos para o jardim,

Acaricia sua cabeça e canta para o livrar do Samsara

E auxiliá-lo a encontrar a luz.

Um Bodisatva, cuja missão, dizem,

É ter compaixão e iluminar a escuridão da morte.

Chamado por alguns de A Luz da Ásia, ensina a empunhar a tocha

E jamais temer a hora mais temida.

Morrer, iniciar novo ciclo, livre dos fluxos das monções,

Das tempestades que atormentam a nau

E dos afetos que afligem o coração.

 

Mas assim, sem voltar a sua aldeia no Minho?

Estava guardando um pote de sândalo para a mãe

E um punhado de pérolas para a irmã.

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