Eu não procuro lembrar, mas é tão difícil esquecer!
Já foram dez anos arrastados, pesados, a viver e morrer.
Sua sepultura tão longe, a mil lis ao norte, abandonada.
Se pudéssemos um dia nos reencontrar,
Você não me reconheceria.
Meu rosto queimado pelo sol, sujo da poeira da estrada,
Meus cabelos tão brancos como a geada no campo.
Ontem à noite sonhei que estava em nossa casa,
Pela janela vi seu vulto no terreiro a pentear os cabelos.
Você se virou e me olhou, sem falar, um pesaroso olhar.
De seus olhos desciam duas lágrimas brilhantes.
Em seguida acordei. Lembrei-me de novo da sepultura distante,
A mil lis, ao norte, rodeada de alguns poucos pinheiros,
Banhada pela luz da lua do vigésimo dia do frio mês primeiro.
(Um poema de luto de Shu Shi, da Dinastia Song)
Uma Resenha da Poesia Chinesa - A Review of Chinese Poetry
4 Um Poema de Luto da Dinastia Song
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