212 Mao Tsé-Tung

Dizem que Huangdi magoado com a derrota da China,
E vendo que dragões cruéis e serpentes venenosas inúmeras,
Vindas de longe ou dali mesmo vizinhas,
Infestavam sua terra querida,
Hienas covardes e violentas
Abocanhavam nacos de sua carne, vorazes e famintas,
Decidiu enviar um varão corajoso
Para liderar a guerra e conquistar a paz.
Primeiro, na casa paterna, o fez plantar e comer o arroz de Hunan.
Entre pássaros cantores de vida alegre e fugaz.
Esses guerreiros e líderes nascem às vezes tão triviais,
Correm, brincam, banham-se nos rios, trabalham com o pai.
Mas logo o varão percebeu que o mundo não é só paz e beleza,
Existem a escravidão e a perversidade travestidas de nobreza
Impossível não ouvir o ruído agudo da dor, não assistir os caídos.
Mais um Quixote chinês agoniado em ira e compaixão partiu
A enfrentar a maldade com infinitos suores e combates guerreiros,
Associar-se à coragem de muitos bravos companheiros
Intrépidos camaradas, corajosos filhos do Império do Meio.
Como Fu Xi não suportou ver a desordem geral e os sofrimentos
E trouxe o fogo e as redes de pescar para os homens pestilentos
Que um dia ele retirou da argila marrom apodrecida,
Concedeu os trigramas que mostram a sorte e a felicidade
E os fazem sorrir, enfeitiçados pela ambição e pela vontade.
O Senhor Shen Nong que trouxe as plantas e os cereais,
E dosou as boticas da farmacologia em variados cabedais.
Como Yu, com as mãos calosas de tanto trabalhar
Para conter as mortes causadas pelo Huang He e pelo rio Wei.
Nüwa que teceu a maravilhosa seda para vestir o mundo sem pudor
E remendou os buracos do céu com pedras de raríssimo esplendor,
Enviou a raposa Daji para a perdição do cruel e celerado rei Zhou.
A todos despachou Shangdi para ensinar e treinar os homens de Shenzhou.
Entre desertos e montanhas, conduziu seu povo.
Retirou-o dos caminhos do sofrimento irredimível,
Dos sonhos anestésicos, da ilusão forânea, trazida pelos mares.
Protegeu seus patrícios indefesos
Das ferozes mordidas de pérfidas hienas estrangeiras,
No árduo caminho e na longa marcha.
Mostrou aos chineses que as peônias rubras e as papoulas vermelhas
São ambas muito lindas, mas só as peônias são fragrantes,
Com sublime perfume,
Que atrai libélulas e borboletas ao jardim,
E se espalha no ar fresco e saudável perfumando Zhongguo,
Tão habitual como as manhãs de outubro junto da família
E as porções de arroz habilmente preparadas para um encontro de amigos.
No fim, radiante e luminoso foi o combate,
Levantou os frágeis e desarmados, os que se escondiam nos buracos e covas
E não ousavam sair das tocas à luz do dia porque eram caçados e ofendidos.
Partiu, por longas marchas e sinuosos caminhos,
Vagou em exaustivas jornadas, por píncaros nevados e gelados,
Junto às serras e precipícios, de Loushan, por exemplo,
Onde assobia feroz o vento oeste
E o desfalecido sol vermelho se esconde após o cansado dia.
Longe, nas montanhas,
Onde os pandas se agarram aos bambuzais,
Quando os pássaros cantam alegres nas ameixoeiras,
Por debaixo de aglaias floridas das veredas amenas da China
A brincar na névoa como sombras livres, entre brisas leves,
Em festivo ócio, lépidas, em alegre abandono,
Raposas correm entre os crisântemos amarelos de outono.

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