Por que grande parte de nós do Norte e Nordeste temos a “cabeça chata” e a “cara de lua cheia”, como dizem os fascistas?
Palpites sobre a beleza nordestina.
Sobre a beleza brasileira.
Sobre a beleza.
Questão não apenas estética, mas também de saúde pública.
Introdução
Li num jornal no final de 2010 que o Presidente Lula estava numa cerimônia de inauguração no sul do país assistindo a uma apresentação artística de estudantes. Uma ministra ao lado do Presidente comentou: “Como eles são lindos” e o Presidente respondeu algo assim: “Comida farta traz beleza”.
O senso prático do Presidente costuma acertar. A Profª Marilena Chauí disse uma vez: Quando Lula abre a boca, o mundo se ilumina. Talvez tenha recebido esse elogio por diagnósticos e vaticínios semelhantes.
Recentemente o cantor Ed Motta criou polêmica afirmando no facebook:
“Em Curitiba, lugar civilizado, graças a Deus. O Sul do Brasil, como é bom, tem dignidade isso aqui. Frutas vermelhas, clima frio, gente bonita. Sim porque ô povo feio o brasileiro (risos). Em avião, dá vontade de chorar (risos). Mas, chega no Sul ou em SP, gente bonita compondo o ambiance (risos)”.
Fascista, mas franco. Quando se referiu a “povo brasileiro” ele quis dizer, e não ousou, “nordestinos e nortistas”.
Nas redes sociais e nos comentários de leitores o que mais vemos são esses “fascistas francos” nos chamando (nós, nordestinos e nortistas) de feios. Muitos, mais contidos, talvez por algum respeito a nossa dignidade, não falam, mas pensam.
Portanto, com tantas testemunhas, a verdade é que devemos mesmo ser feios. É bom que reconheçamos isso. Quando se admite um fato, inicia-se a procura da causa, e a descoberta desta permite intervenções que podem aliviar as consequências.
*Esse texto foi escrito em 2011. A avalanche de críticas “estéticas” a nós, nordestinos, pós outubro/2014, segunda eleição da Presidente Dilma Rousseff, só confirma a situação.
Entre os fatores correlacionados a beleza ou feiura, o Presidente já mencionou a comida farta. O belo cantor citou o clima frio. Eu arrisco acrescentar o uso da rede de dormir para bebês, substituindo o berço. Acho que a nossa feiura nordestina tem a ver com a nutrição, o calor e a rede de dormir.
É bobagem dizer que a cabeça chata dos nordestinos é genético, uma genotipia, uma herança transmitida por códigos genéticos. Os portugueses que colonizaram o Nordeste não são os mesmos que vieram de Portugal e colonizaram o resto do país? Os negros que vieram da África não são os mesmos espalhados no resto do país? Por que só os do Nordeste (e Norte) têm a cabeça arredondada e enlarguecida, que chamam de chata?
É evidente que a cabeça chata é um fenótipo, uma fenotipia, uma característica adquirida por algum fator ou fatores ambientais.
Sem dúvida há a variabilidade dos crânios humanos numa distribuição normal (curva de Gauss) em que uns terão uma cabeça mais larga (braquicefálicos), outros menos larga (dolicocefálicos), dependendo aí sim da carga genética de cada um (que tal a cabeça de Leonardo de Caprio?).
Dizem os “antropometristas” que os ibéricos, portugueses entre eles, têm uma tendência a possuírem um crânio menos “caucasiano” que os outros brancos da Europa. Os ibéricos e latinos de modo geral, seriam mais braquicefálicos que os demais brancos europeus, pois teriam a cabeça menos “afilada”, o rosto mais largo, etc.
Isso talvez seja um assunto amado pelos nazistas e fascistas que estão sempre em busca da “beleza da raça”, das “formas ideais”, eles têm ódio dos feios, dos diferentes, dos deficientes, tanto que entre suas vítimas estavam também os deficientes físicos. Devem interessar muito a eles esses fatores “raciais”, esses fatores “genéticos”.
Esquemas clássicos dos tipos de crânio (largura e altura da cabeça) comuns na internet pública. O braquicéfalo tem o crânio e o rosto mais largo que comprido e o dolicocéfalo um rosto longo e mais estreito.
A nós não interessam os fatores genéticos. Sobre eles não podemos atuar. Aqui vamos apenas tentar identificar os fatores externos (não genéticos, mas fenotípicos) que agem tornando a cabeça dos nordestinos mais alargada, mais deformada. Estamos tentando entender a causa com o intuito de poder ajudar os brasileiros nordestinos e nortistas a evitar essa sina de ter uma cabeça grande, “gorda” e deformada e assim preservá-los das ofensas e da humilhação que sofrem dos fascistas de todos os lugares, especialmente quando são obrigados a migrar de sua terra para o sudeste e sul do Brasil em busca de trabalho ou fugindo das secas.
De 1994 a 1999 morei no número 680 da Rua Capote Valente em São Paulo, no bairro de Pinheiros. Havia nas proximidades muitas casas que foram alugadas e transformadas em pensões para trabalhadores migrantes nordestinos. Pagavam caro por uma vaga num beliche. A maioria vinha de sua região, trabalhava alguns meses ou um ano nos bares, restaurantes e condomínios dos prédios, tempo suficiente para amealhar algum dinheiro e adquirir o direito ao seguro-desemprego, então se mandavam de volta para suas cidades, levando na bagagem aparelhos de som, bicicletas e outras utilidades. Conheci alguns que compraram motos, montaram nelas e voltaram para o Piauí e Ceará. Quando o seguro-desemprego acabava, voltavam. Alguns tinham tentado montar algum negócio por lá, mas como não houvera sucesso, foram obrigados a repetir a viagem a São Paulo. Outros, veteranos, às vezes casavam ou traziam as mulheres de sua terra e, invariavelmente, iam morar nos bairros da periferia de São Paulo como Campo Limpo ou Taboão.
Na esquina da Rua Teodoro Sampaio com Oscar Freire havia um local chamado “Restaurante e Pizzaria Flor do Minho”, a uma quadra de minha casa, que se tornou o meu boteco preferido. Lá trabalhava um desses veteranos, talvez o decano de todos eles, no serviço do balcão. E para lá convergiam, quando estavam de folga, os migrantes das pensões próximas, e, em algumas ocasiões, os veteranos casados, que vinham do Campo Limpo com suas famílias.
Entre essas pessoas havia uma predominância de migrantes das cidades de Pedro II no Piauí e de São Benedito no Ceará e cidadezinhas adjacentes. Embora se situem em estados distintos, essas cidades são vizinhas. Há uma beligerância secular entre Piauí e Ceará sobre fronteiras nessa região.
Como piauiense, mas com laços cortados com a região desde pequeno, devido a migração para Goiás e outras regiões, achei ótimo ter a chance de ficar observando in natura meus conterrâneos.
Na cidade de São Paulo deve haver milhares de “guetos” de migrantes, onde os oriundos de determinadas cidades e regiões de outros estados se concentram. Lá, na quadra na qual eu morava, em Pinheiros, havia um ninho de piauienses e cearenses de uma região bem delimitada, restrita àquelas cidades.
Algumas vezes os veteranos vinham com seus filhos do Campo Limpo e Taboão. Eram crianças lindas, bonequinhos de louça. Em nada se diferenciavam de outras crianças da cidade, mesmo que os pais tivessem a cabeça e o rosto muito deformados, alargados, cabeças chatas sem protuberância occipital.
Isso parecia deixar claro que o fator “cabeça chata” não era uma genotipia.
Outra coisa intrigante era que alguns rapazes migrantes eram muito bonitos. Não tinham nenhuma diferença física de sulistas, não tinham deformações de cabeça. Só se percebia sua origem nordestina quando abriam a boca, pelo sotaque.
Um deles era Rocco. O belo Alain Delon de “Rocco e seus irmãos”. Um Rocco moreno, com jeito de índio. Vinha da cidade de Ibiapina, próxima a São Benedito-Ce. Não sabia ler e era muito tímido. A qualquer interpelação dos fregueses no balcão, parecia que Rocco ia se desmanchar. Era sua primeira vez em São Paulo, viera no rastro de seus irmãos que já tinham feito o percurso ida e volta algumas vezes. Rocco se embaraçava todo com os endereços ao entregar pizzas nas ruas próximas, Artur Azevedo, Arruda Alvim, Cardeal Arcoverde.
Num domingo frio abri minha janela de manhã, no quinto andar do prédio, vi Rocco passando lá embaixo de mãos dadas com sua mulher recém-chegada do Ceará e me peguei fazendo reflexões sobre a fragilidade. E fui fazendo uma hierarquia dessa fragilidade. Rocco era frágil mas era lindo e a beleza (assim como a inteligência) sempre é uma barricada. Frágeis mesmo são os que, nas mesmas condições de Rocco, semianalfabetos, pobres e migrantes, ainda têm as cabeças achatadas, deformadas, as aparências de Baby Dinossauros que tanto atraem as mofas, preconceitos, desprezos e ódios.
Em agosto de 1999 fui levar meu pai para visitar sua irmã mais velha em Teresina. Foi uma viagem inesquecível para mim, porque, sem sabermos, foi nossa última grande viagem juntos, já que em 05 maio de 2004 ele morreria de câncer de garganta, aos 76,5 anos.
A cidade parecia um insuportável forno ardente.
Como as cidades de meus conterrâneos que conheci em S. Paulo ficavam a pouco mais de duzentos quilômetros apenas, deixei meu pai com sua irmã e fui fazer um circuito naquela direção. Em Pedro II-PI, para minha surpresa, tive de usar blusa de frio pela manhã. Atravessando para o Ceará, em São Benedito, o clima era ainda mais ameno.
Descobri assim que estava na região da Serra de Ibiapaba. Cidades com altitudes entre 700 e quase 1000 metros. Temperaturas bem mais baixas que em outros lugares do Piauí e Ceará, média anual de 20º. Neblinas frequentes, fogs mesmo. Chuva regular. O início da Serra fica a menos de 80 Km do mar. Dizem meteorologistas que ela barra a entrada da umidade marítima causando a precipitação das chuvas em seu planalto e encostas, provocando a seca nas planícies subsequentes. A Serra é, portanto, um oásis. É uma região muito perto do Delta do Parnaíba e do litoral norte do Ceará, Jericoacoara e Camocim.
Os nativos da Serra são visivelmente mais bonitos que os nativos das planícies mais calorentas e mais áridas.
Qual a explicação para tal fato? Podemos especular duas variáveis: a amenidade do clima, fazendo contraposição ao calor enorme das regiões circundantes. E a nutrição das pessoas. Se chove regularmente e a Serra é, por isso, tradicional produtora de frutas –inclusive vermelhas, como aprecia o lindo cantor Ed Motta-, leite e flores -estas, para exportação-, pode-se esperar que as pessoas de lá se alimentem melhor que os vizinhos das planícies quentes e semiáridas.
Bem, voltemos ao assunto básico que é nossa cabeça chata nordestina. Temos de entender porque somos sempre recusados nos sites de BeautifulPeople (até a Miss Brasil 2014 do Ceará não está sendo aceita, coitada!) e porque muitos se referem a nós nas redes sociais como “cabeças”, “cabecinhas”, “cabeças gordas”. Temos de achar um jeito de apurarmos nossa performance de aparência física nem que seja para as próximas gerações. Também somos filhos de Deus e não queremos ser sempre os patinhos feios que nunca viram cisnes. Não queremos o belo Ed Motta tendo desconforto nos aviões por nossa causa.
Como há evidências, vamos esmiuçar o que a nossa feiura e a nossa cabeça chata nordestina tem a ver com o calor, a nutrição, e com a rede de dormir.
O calor
Dilatação térmica, coeficiente de dilatação térmica e noções semelhantes são conceitos conhecidos no ensino médio.
Se até as barras de ferro se expandem ou se contraem dependendo da temperatura, o que dizer da calota craniana, osso e carne, matéria orgânica?
Há um protetor auditivo fabricado pela 3M com determinado material muito resiliente. Para colocá-lo no ouvido deve-se comprimi-lo com os dedos até virar um palitinho que deve ser inserido imediatamente no canal auditivo. Uma vez lá ele se expande rapidamente para sua forma original, vedando o ouvido e protegendo-o de sons excessivos. É curioso sentir a diferença de consistência desse protetor em dias quentes e dias frios. É um bom exemplo prático de dilatação térmica.
A cabeça humana é composta da calota craniana e da face. A calota tem oito ossos e a face quatorze. As linhas onde os ossos da calota se juntam são chamadas suturas e elas são bem moles e flexíveis na criança. Em seis pontos das suturas de união dos ossos há buracos chamados de fontanelas. A principal fontanela é a formada na união dos dois ossos parietais com o frontal e é chamada popularmente de moleira. A moleira é a última das fontanelas a fechar, por volta dos dois anos de idade.
Até à idade de 2 a 3 anos esses ossos são moles, para permitir o crescimento do cérebro que cresce. Portanto se forem comprimidos continuamente podem assumir a forma da compressão, como um brinquedo de borracha.
“Bregma” é a moleira conhecida de todos que se fecha definitivamente aos 2 ou 3 anos de idade
A função das fontanelas e das suturas flexíveis é permitir o cavalgamento dos ossos da cabeça na hora do parto facilitando assim a saída do bebê.
Outra função é dar flexibilidade ao crânio para suportar o crescimento do cérebro (encéfalo). O cérebro cresce 50% no primeiro ano de vida. Uma caixa craniana não rígida permite assim o aumento do encéfalo. Quando as suturas se fecham definitivamente (98% disso acontece no final do 2º ano de vida) o encéfalo deve estar cerca de três vezes maior que o do bebê recém-nascido.
Portanto, o crânio tem de ser moldável e flexível nos primeiros anos de vida.
Os pediatras estão sempre medindo o perímetro cefálico dos bebês para detectarem precocemente alguma fuga do padrão. Se a cabeça está crescendo rápido demais pode ser uma hidrocefalia. Nesse caso há algum problema na drenagem dos líquidos da cabeça, aumenta a pressão interna do crânio e como os ossos ainda são moles e as suturas abertas a cabeça começa a ficar enorme. Se isso acontece em adultos ou em crianças maiores, onde as suturas já estão fundidas, a cabeça não tem mais para onde crescer e a pressão interna aumentada provoca dores de cabeça terríveis, perdas de equilíbrio e outros sintomas neurológicos.
Sendo o crânio da criança tão suscetível a forças de expansão, seria um erro pensar que também o calor intenso (como o das regiões equatoriais) pode ter sua influência como fator de aumento da cabeça? Teríamos assim o calor como causa de expansão dos ossos da cabeça.
Não digo o calor de Goiânia, ou do Rio, que se intercala com dias amenos e frentes frias. Refiro-me ao calor contínuo, exasperante e até desesperador, de Teresina, por exemplo.
Na região da Serra de Ibiapaba, onde o clima é mais ameno no Ceará e no Piauí, pode-se observar maior número de pessoas com padrão de cabeça e rosto semelhantes ao padrão dos habitantes de outras regiões do país onde o clima também é menos severo. Isso pode sugerir que o calor tem um papel, sim, na deformação das cabeças.
Está aí uma sugestão para a monografia de um estudioso: medição da espessura dos ossos da calota craniana de nordestinos e sulistas no Brasil. Pode ser que as paquimetrias demonstrem um adelgaçamento maior nas calotas nordestinas, consequência da expansão dos crânios dos bebês provocada pelo calor excessivo.
A expansão dos limites dos crânios produz cabeças maiores e feições mais disformes.
O calor é inimigo da beleza. Mesmo os nordestinos ricos das capitais, que sempre comeram bem, nunca dormiram em redes, têm alguma coisa diferente dos semelhantes a eles que vivem no frio ou em condições mais amenas.
Os que nasceram no calor aparentam ter o rosto mais dilatado, feições menos nítidas e definidas, cabeças um pouco maiores. É o efeito do calor?
Compare os jovens sulistas bem alimentados que nunca dormiram em redes quando pequenos com os jovens nortistas bem alimentados que também nunca dormiram em redes (que nasceram ricos, nas capitais): Tem-se a impressão de que as cabeças e rostos dos nortistas são mais largos, de feições menos perfeitas e menos delineadas que as dos sulistas em iguais condições socioeconômicas.
Podemos fazer uma comparação ainda mais simples e restrita: entre os jovens ricos e bem alimentados do norte de Minas Gerais, onde faz muito calor, e os jovens ricos e bem alimentados do sul de Minas, onde o clima é mais fresco, pode-se perceber que há algumas diferenças sutis nos rostos desses jovens. Em Minas Gerais bebês dormem em berços não em redes, tanto no norte como no sul, e se são todos jovens bem nutridos, o único fator a contribuir para a diferença seria o clima mais quente ou mais frio.
Poderíamos dizer que há realmente um efeito do calor ambiente sobre o crânio nos primeiros anos de vida? Eu acho que sim.
A nutrição (ou a desnutrição)
Nos livros de pediatria há um capítulo denominado “Desnutrição proteico-calórica (DPC)” que versa sobre as doenças provocadas pela falta de nutrientes ao organismo da criança. A DPC é classificada como primária ou secundária. A primária, que nos interessa agora, é aquela provocada simplesmente pela falta de alimentos para comer, ou seja, é a fome provocada pela carência, pela miséria.
Os livros enfatizam as duas formas clínicas (formas de aparecer da doença) da DPC grave: o kwashiorkor e o marasmo.
Kwashiorkor: doença nutricional em que o doente não chega a passar fome, mas come apenas carboidratos, amidos, não há ingestão de proteínas e gorduras. Carboidrato (farinha de mandioca, arroz, milho, pão, etc.) é o alimento mais barato. As famílias mais pobres não morrem de inanição porque conseguem acesso pelo menos aos carboidratos.
Kwashiorkor é uma palavra de um dialeto africano de Gana. Significa “a doença do primeiro e do segundo filho” ou “a doença que acomete o primeiro filho quando nasce o segundo filho”.
Quando nasce o segundo filho a mãe desmama o primeiro e passa a alimentá-lo com o que ela tem, geralmente o alimento mais barato: carboidrato.
Criança que só come carboidrato começa a inchar, o rosto enlarguece pelo edema, dificilmente sorri, os cabelos ficam secos e quebradiços com faixas de coloração clara e escura (falsos louros), apresentam mais perebas (feridas, piodermites) na pele e úlceras nos olhos que podem deixar como seqüela a cegueira (Terá alguma coisa a ver com Luiz Gonzaga que era cego de um olho desde a infância?). Podem apresentar retardo neuropsicomotor, com atrofia cortical e/ou subcortical no cérebro. Entre outros males.
Estas são fotos de uma mesma criança de Madagascar, publicadas por uma ONG chamada Fraternidade Sem Fronteiras. Abaixo das fotos consta o seguinte texto:
Esta criança teve o diagnóstico de Kwashiorkor – é o termo médico para o quadro de desnutrição grave, causada pela falta de proteínas.
Fraqueza muscular, atrasos no desenvolvimento do corpo, alterações na cor da pele e cabelo, feridas, apatia, inchaço dos tornozelos, pés e barriga, magreza extrema são alguns dos sintomas provocados pela doença que também pode levar à morte.
A criança ficou doente porque não tinha o que comer. Passava fome.
A nossa equipe médica, em Madagascar, no Centro de Acolhimento de Esanta, identificou a situação, acolheu e ofereceu o tratamento necessário, inclusive com internação para que pudesse se recuperar.
Essa criança de Madagascar é uma criança que só come carboidrato. Ela não come leite, ovos, queijo, carnes. Ela come pão, farinha, açúcar, milho, arroz, etc. Ela pode não passar fome, mas é desnutrida. Ela não desenvolverá a beleza do rosto, as feições bem formadas. Sempre terá esse rosto indefinido, balofo, “gordo”, que os fascistas costumam chamar de “cara de lua cheia”. Em resumo nunca será uma pessoa bonita, atraente, no sentido que o mundo dá para isso.
Quantos adultos você já viu assim pelas ruas? Certamente milhares. Milhares de pessoas que podiam ter tido um desenvolvimento normal mas a carência alimentar não permitiu.
1ª foto retirada do Health Residencies Journal e a 2ª do Edisciplinas da USP
A primeira foto apresenta evidências do Kwashiorkor, a segunda está mais próxima do marasmo, aquela doença das crianças que não tinham nem carboidratos para comer. Diferencia-se da criança com Kwashiorkor porque o rosto é magro, cadavérico, o rosto da fome total, embora com frequência os sinais clínicos se sobreponham.
O marasmo acontece na presença da fome total, onde a criança nem mesmo carboidrato tem para comer. É mais comum em regiões de grandes catástrofes como secas e guerras. Aquelas imagens de crianças esqueléticas moribundas, aquelas imagens de crianças africanas na guerra da Biafra, na Nigéria, por exemplo, aquilo é definido nos livros de pediatria como marasmo.
A foto de Kevin Carter lhe rendeu o Pulitzer Prize de fotografia. Foto: Kevin Carter/Corbis Sygma
Fotos da Internet de crianças da Biafra, na década de 1960
Fotos: CECAN NORTE No Manual de Atendimento da Criança com Desnutrição Grave do Ministério da Saúde. Emagrecimento acentuado apresentando grande redução de panículo adiposo, distrofia muscular de ombros, braços e pernas e distensão abdominal. Escassez de gordura nas nádegas e coxas, formando numerosas pregas na pele (aparência de estar usando pijamas ou calças folgadas). Quadris estreitos em relação ao tórax.
Um dos livros de pediatria mais utilizados nas escolas de medicina na década de 80 foi o de Jayme Murahovschi, professor titular da Faculdade de Ciências Médicas de Santos e médico da Clínica Infantil do Ipiranga em São Paulo. Nele há um esquema com os desenhos de duas crianças mostrando os sinais que diferenciam o kwashiorkor do marasmo. Na setinha que aponta os rostos lemos “face de lua cheia”, na criança com kwashiorkor e “face de homem velho”, na com marasmo.
Acima e abaixo fotos de páginas do livro de Pediatria do Prof. Murahovschi. Fotos tiradas no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos-SP, em 1977, em pleno São Paulo. A desnutrição ocorre onde há miséria, desigualdade, nas favelas das ricas cidades e capitais, não é só na África ou no Nordeste Brasileiro.
Imagine que essas crianças deformadas pela desnutrição, quando adultos são obrigados a migrar do Nordeste do Brasil para São Paulo, onde estão os empregos, porque decidiram, sem explicação coerente, que todas as fábricas instaladas no Brasil tem de ser em São Paulo. Então os empregos estão todos lá e as pessoas de outras regiões têm de migrar para lá em busca de trabalho.
Imagine como serão humilhadas quando encontrarem os fascistas: serão xingados de feios, cara de lua cheia, cara de faminto.
Imagine os fascistas “liberais” afirmando que essas pessoas feias e desnutridas são assim porque não se esforçaram, não estudaram, não gostam de trabalhar, são “vitimistas”. Os fascistas “liberais” pensam que todos têm as mesmas chances… e pensam outras merdas também.
Parece que o carboidrato está para a construção do corpo humano como os adobes para uma casa, e as proteínas como a massa corrida. O carboidrato dá volume, mas quem dá a forma fina é a massa corrida, a proteína. Não existem rostos bonitinhos de bonequinhos de louça sem proteína. Quem só come carboidrato fatalmente terá a “cara de lua cheia”. Se a carência é constante e prolongada, a “cara de lua cheia” será indelével, para sempre.
O leite é a forma mais universal de proteína para crianças. O leite, razoavelmente fácil de encontrar nas capitais, nas cidades pequenas não era tão fácil assim (não sei agora depois do aparecimento das embalagens longa-vida). Na década de 60 e início da década de 70, enquanto Goiânia era suprida pelo Leite GoGo, nós, lá nas cidadezinhas onde morávamos no norte goiano, atual Tocantins, tínhamos dificuldade em conseguir leite regularmente, mesmo tendo o dinheiro para comprar. Lá chovia normalmente, não havia seca, não havia uma explicação para a escassez. Se entre nós, sem seca, era assim, que dizer dos que moravam nas pequenas cidades do sertão do semiárido nordestino?
Certamente não tinham nem dinheiro, nem leite, e muitas vezes nem carboidratos regularmente.
Os meninos pobres do Norte costumam ter acesso mais fácil a uma fonte de proteína: os peixes dos rios e várzeas amazônicos. Os meninos pobres do Nordeste não têm esses criadouros naturais como opção.
Até quando esse acesso aos peixes dos rios vai durar é uma questão a ser pensada. O capitalismo monopolista do agronegócio está sempre avançando. Ninguém duvida que pode um dia obstruir o acesso aos rios uma vez que já cercou as terras.
É importante lembrar que os efeitos da desnutrição sobre a beleza da pessoa só são irreversíveis nos primeiros anos de vida. Um adulto, mesmo que vire um esqueleto por falta de comida, quando voltar a comer, volta a ser o que era antes, totalmente recuperado. Vejamos as fotos das terríveis fomes da Índia de 1876-1878, em Madras:
E a fome de Bengala, em 1943, na segunda guerra mundial, porque Winston Churchill queria preservar o arroz para os soldados aliados:
Estima-se que cerca de três milhões de pessoas morreram na Grande Fome de Bengala em 1943 após o Japão capturar a vizinha Birmânia grande fonte de importação de arroz e as autoridades britânicas guardarem toda a comida para soldados e operários de guerra.
A compra em pânico de arroz levou a uma alta vertiginosa dos preços, e os canais de distribuição foram desativados quando as autoridades confiscaram ou destruíram a maioria dos barcos e carros de Bengala para evitar que caíssem em mãos japonesas, caso fossem invadidos.
Winston Churchill era o Primeiro Ministro na época de seu envolvimento no desastre e de fato seu conhecimento ainda é um mistério. Em resposta ao urgente pedido do Secretário Geral da Índia, Leo Amery, para liberar os estoques de alimentos da Índia, Churchill respondeu a um telegrama perguntando: se os alimentos são tão escassos, “porque Gandhi não havia morrido ainda” . Inicialmente durante a fome ele estava mais preocupado com os cidadãos da Grécia (que estavam também sofrendo com uma fome em massa) do que com os Bengaleses. “Eu odeio os indianos. São um povo bestial com uma religião bestial”, disse Churchill a Leo Amery. Ele ainda acusou os indianos de provocarem a própria fome por “procriarem como coelhos”. (Livro, “Churchill’s Secret War” – Madhusree Mukerjee)
O arroz repentinamente tornou-se escasso no mercado e, enquanto a fome se espalhava pelas aldeias, Churchill repetidamente recusava súplicas por carregamentos emergenciais de alimentos.
O governo de Bengala falhou em prevenir as exportações de arroz, e fez muito pouco para importar os excessos de outros locais na Índia, ou para comprar os estoques de especuladores e redistribuir aos famintos. No geral, as autoridades falharam em entender que a fome não estava sendo causada por falta generalizada de alimentos, e que a distribuição dos alimentos não era apenas uma matéria de capacidade de transporte, mas em prover ajuda alimentar gratuita em escala massiva: “O Raj foi, de fato, bem preciso em sua estimação da disponibilidade de alimentos, mas desastrosamente errado em sua teoria sobre a fome” . A fome terminou quando o governo de Londres concordou em importar 1.000.000 de toneladas de grãos para Bengala, reduzindo o preço dos alimentos.
Mas a autora Madhusree Mukerjee disse ter descoberto evidências de que Churchill foi diretamente responsável pelo extremo sofrimento. Seu livro, “Churchill’s Secret War”, mostra documentos nunca antes vistos que dizem que nenhum navio podia ser poupado da guerra. Análise de encontros do gabinete de guerra mostra que navios carregados de grãos da Austrália passavam pela Índia em seu caminho para o Mediterrâneo, onde grandes reservas foram construídas.
A Grã-Bretanha explorou brutalmente a Índia durante a guerra e não deixou de fazê-lo mesmo quando a fome começou”. (Livro, “Churchill’s Secret War” – Madhusree Mukerjee)
A rede de dormir para bebês
Se o crânio humano é moldável nos primeiros anos de vida, é fácil supor que qualquer coisa que o comprima demorada e prolongadamente pode levá-lo a uma deformação permanente.
Há a história documentada dos índios Omáguas ou Kambebas. Formaram uma população indígena numerosa nas várzeas do Rio Amazonas e afluentes, desde o Peru até a região atual do Amazonas. Acabaram dizimados pelas investidas espanholas e portuguesas. Foram milhões nos séculos 16 e 17. Hoje consta no site da FUNAI a existência de 331 indivíduos sobreviventes. O seu hábito do achatamento artificial do crânio foi destacado por quase todos os cronistas itinerantes pelas regiões habitadas por eles.
Entre outras expedições com relatos sobre esses índios pode-se mencionar a chamada Expedição de Pedro Teixeira que saiu de Belém em l639. Produziu o documento “Relação do Rio das Amazonas” guardado na Biblioteca de Évora, em Portugal. Um de seus cronistas, Frei Cristóbal de Acuña, após retornar a Belém, narra:
“Têm todos a cabeça chata, o que torna feio os homens, embora as mulheres o disfarcem melhor cobrindo-a com basta cabeleira. Acham os nativos tão acostumados ao uso de terem a cabeça achatada que as crianças, apenas nascem, são metidas numa prensa, onde sua testa é comprimida com uma tábua pequena; e, pela parte do crânio, por outro tão grande, que servindo de berço, recebe todo o corpo do recém-nascido (…) ficam com a testa a o crânio tão achatados como a palma da mão (…) mais parecendo mitra de bispo malformada do que cabeça de uma pessoa.. “
No Site da FUNAI, na descrição de povos indígenas, lemos o seguinte sobre os Kambeba:
“Para se diferenciar dos povos da terra firme, os Omagua achatavam a cabeça. Eles faziam isso quando a criança era ainda muito pequena. Amarravam na testa dos bebês uma pequena prancha ou um trançado de junco amarrado com um pouco de algodão para não machucar a criança. Depois a criança era colocada dentro de uma pequena canoa que servia de berço. Deste modo, a cabeça ia ficando achatada devagarinho. Esse costume era valorizado, para os Omagua assim é que era bonito. Eles mangavam dos povos da terra firme dizendo que tinham a cabeça redonda como uma cuia.
Por causa deste costume é que os Omagua passaram a ser chamados de Kambeba. Esse nome veio da língua geral – canga-peba- que significa “cabeça chata”.
Certamente os Omáguas faziam esse achatamento mais por razões de Estado, de segurança, para se diferenciarem dos inimigos, e não por razões estéticas, por acharem bonito, como refere o site da Funai.
Quando um bebê dorme em um berço ele tem opções de posições: deitar de papo pro ar, deitar de lado e deitar de bruço. Quando ele deita de lado ou de bruço, automaticamente apoia os lados direito e esquerdo da cabeça no berço e sendo o crânio mole, permite-se assim moldar ficando a cabeça mais estreita, forma-se a protuberância occipital dos crânios normais, não deformados, a cabeça dos bonequinhos de louça (Que tal a cabeça do Cauã Reymonds?).
Já o bebê numa rede só pode deitar de papo pro ar e sua cabeça vai ser comprimida na parte posterior pelo tecido inelástico da rede. Como conseqüência vai haver um achatamento ou arredondamento posterior do crânio, eliminando a protuberância occipital. O conteúdo encefálico tem de se expandir lateralmente acabando por gerar uma cabeça alargada, uma “cara de lua cheia”, os ossos da face também vão sentir a pressão vinda de trás e vão se expandir, deformando as feições e adeus cara de bonequinho de louça. Teremos a cara e a cabeça do Baby dos Dinossauros.
Fotos mostradas por um canal de produtos do lar exaltando o uso da rede para bebês. A primeira foto parece ter origem numa rede hospitalar brasileira. Pode-se observar que o crânio da criança é continuamente comprimido por trás. Ela não pode se deitar de lado nem de bruço. Olhem a propaganda: “O antropólogo Ashley Montagu é o especialista que lançou seu olhar para as redes e extraiu benefícios possíveis para os bebês, desde recém nascidos até maiorzinhos, com 1 e até 2 anos. Segundo ele, o embalo na rede representa todo amor e carinho que a criança recebia ainda quando estava no útero da mãe. Segundo Montagu, o bebê que tem a chance de conviver em uma rede em seus primeiros meses de vida vai crescer com muito mais saúde emocional, amoroso e tranquilo. Ou seja, é um benefício para a vida toda!
Rede para Bebê / Berço – As 60 Inspirações Mais Adoráveis de Todas! https://casaeconstrucao.org/moveis/rede-para-bebe/
Pelo contrário, não há benefício, o bebê que continuamente dorme em redes como os do interior do Norte e Nordeste brasileiro, terá uma cabeça achatada para sempre e o rosto enlarguecido, braquicéfalo, e será vítima de bullying e zombarias pelo resto da vida.
Ultimamente a Pastoral da Criança da Dona Zilda Arns ensina por todo o Brasil que as crianças não podem deitar de bruço no berço pois isso seria uma das causas de morte súbita de bebês. Se essa moda pega, poderemos ter mais Baby Dinossauros espalhados por todo o país e não só no Norte e Nordeste.
O uso de pequenas redes de dormir para bebês e crianças é generalizado no Norte-Nordeste. São muito mais baratas que berços, podem ser carregadas facilmente para qualquer lugar, bastando dobrar como um lençol e podem ser balançadas, aliviando o calor.
A má alimentação, o calor e a rede, tudo conspira para cabeças maiores, achatadas, traços faciais sem nitidez, em suma, feições deformadas, que significam feiura.
Parece ser a combinação desses três fatores que leva à deformação e à feiura. No Norte e Nordeste Brasileiro é comum presença dos três fatores. Entre os abastados de lá pode não haver desnutrição, mas ainda assim há o calor e pode haver a rede. Na Serra de Ibiapaba há a rede, mas não há o calor e a desnutrição também deve ser menor, pois lá não costuma ter seca. Mesmo no sul brasileiro pode não ter calor e rede, mas não é rara a desnutrição entre as famílias pobres, como mostram as fotos acima no hospital de Santos-SP.
Essa feiura provocada, fenotípica, é evitável ou pelo menos factível de ter suas causas básicas combatidas.
É diferente da feiura não evitável, a feiúra genética. Essa tem de ser respeitada. Pobre de quem julga os outros pela aparência (como os nazistas e fascistas) e vive sempre em busca de padrões estéticos de beleza, sempre seduzido pelas belas feições. Esses nunca saem da adolescência.
A feiura evitável é uma condição social, uma doença da pobreza (da desnutrição), das condições climáticas hostis (do calor sufocante) e de hábitos culturais (da rede de dormir para crianças). E essa feiura tem de ser combatida em suas causas, tem de ser um problema de saúde pública.
Se o belo cantor Ed Motta e outros lindos da nossa elite brasileira, incomodados com nossa feiura, quisessem realmente ajudar, poderiam começar apoiando políticas de desconcentração de renda e de desenvolvimentos regionais equilibrados.
Com mais renda as famílias teriam como adquirir leite para seus bebês. Quem sabe até um ar-condicionado para o quarto do rebento, e, mais importante de tudo, adquirir um berço para substituir a rede.
Nossos lindos e ricos poderiam cobrar dos governantes que as universidades brasileiras, especialmente as nordestinas, se tornassem laboratórios de ponta na pesquisa e utilização da energia solar, abundante em nossa região, de modo a possibilitar que todo quarto de bebê tivesse um ar-condicionado.
TODO POLÍTICO DO NORTE/NORDESTE (PREFEITOS, GOVERNADORES, DEPUTADOS, ETC.) DEVERIA ZELAR PARA QUE OS BEBÊS NÃO DORMISSEM EM REDES, PELO MENOS ATÉ OS TRÊS ANOS DE IDADE, QUANDO O CRÂNIO JÁ ESTÁ RÍGIDO E NÃO SOFRE MAIS INFLUÊNCIA DA COMPRESSÃO DA REDE.
Nossos lindos, entretanto, estão com os olhos voltados para Miami. Xingam os bons políticos de “petralhas”, as famílias que lutam para não serem expulsas do campo de “bandidos do MST”. Nossos lindos deveriam estar participando de campanhas do tipo:
“Um litro de leite diário para cada bebê”,
“Assentamento de todos os trabalhadores rurais nas abundantes terras do país”,
“Troque a rede de seu filho por um berço”,
“Estímulo a fábricas no semiárido”,
“Zona Franca do semiárido para criação de empregos”,
“Que todo bebê durma num berço e não numa rede”,
“Expansão da energia solar e do ar-condicionado no Norte e Nordeste”.
Que nada! Os lindos só têm olhos para Miami e boca para nos esculachar. Por isso nossa feiura vai continuar a invadir seus aviões e suas praias. Vamos continuar andando por aí, declamando:
Nós somos os nordestinos.
Nós somos os feios e pobres.
Por que, com nossas cabeças grandes, nossas cabeças chatas
Despertamos tanto o furor fascista?
Nós somos os nordestinos.
Com nosso olhar pidão
Com nosso olhar caolho
Com nosso olhar carente.
O olhar dos belos é altivo, até arrogante, às vezes.
Mas nós, os feios, temos olhar diferente,
Não podemos contar com a sedução.
Os belos e ricos podem se dar o ar distante, de languidez, de elegância.
Nós não. Temos de fazer barulho para chamar alguma atenção.
Temos de ser palhaços. Sempre tangidos,
Temos de procurar colocação.
Nós somos os nordestinos.
Nas fazendas do Norte querem nos tornar escravos
Nas cidades do Sul somos os criados
No próprio Nordeste, para os coronéis, somos o rebotalho.
Nós somos os nordestinos.
Nós existimos.
Não podemos simplesmente desaparecer no ar,
Para não ofender às estéticas refinadas.
Nós existimos.
Diante do fascismo que nos odeia,
Podemos repetir o brado espanhol: No pasarán!
Não passarão!
Ou deixar que nos empurrem numa vala,
Nos enterrem vivos numa grota.
A busca obstinada pela beleza é uma coisa vã.
Mesmo os que nasceram bonitos e bem nutridos ficarão feios um dia. “Bonita é a juventude”, li uma vez numa revista –Cruzeiro ou Manchete- em uma entrevista de Rachel de Queiroz. É verdade.
Mas é triste reconhecer que a muitos seres humanos é vedada até essa fugaz e eventual beleza da juventude, por motivos que poderiam ser evitados. E é muito triste ser condenado a parecer deformado na infância, na juventude e na velhice e por isso ser objeto do desprezo e da perseguição de canalhas.
Esse assunto é importante porque trata de coisas que causam grande sofrimento a inumeráveis pessoas, coisas que humilham muitos seres humanos. E o que causa sofrimento a homens (e animais) é sempre um assunto importante.
Em 12/11/2015 esse texto foi publicado pelo excelente Portal GGN, do grande jornalista Luis Nassif, que na época era aberto a contribuições de desconhecidos.
Acrescentei apenas algumas fotos e alguns retoques ao texto publicado.
Quem quiser se divertir um pouco pode ler os comentários postados na época da publicação pelo GGN, por leitores, ora indignados, revoltados, mal-educados, ora anuentes, concordando com o texto.
Alguns comentaristas demonstram porque é tão complicado falarmos sobre beleza e feiúra. Ficam ofendidos como se fosse uma acusação pessoal. É semelhante a quando alguém fica em dúvida se informa ao amigo que ele está com mau hálito ou com o sovaco fedendo e deveria procurar um meio de sanar isso. O amigo em vez de agradecer o aviso pode ficar ofendido.
Tomei a liberdade de publicar esses comentários porque eles foram apresentados ao público pelos próprios autores, em um site público, e porque alguns comentários são esclarecedores, complementares ao texto. O comentário da Sra. Anna Dutra é uma poesia linda, que só pode ter sido escrito por uma grande humanista e observadora da psicologia dos semelhantes.
“Cabeça chata”, uma questão de saúde pública
Por zegomes 12/11/2015
Comentários:
Anna Dutra
12 de novembro de 2015 às 10:57 am
Um assunto caro a todos nós, Zegomes,
Me solidarizo com a tua veemência e indignação. Qualquer preconceito – qualquer um – é um enorme equívoco, uma violência gratuita e hipócrita e causa dores acerbas, muitas vezes insuperáveis e insuportáveis. Qualquer desqualificação, deboche, segregação e sectarismo são de uma mesquinhez e desumanidade injustificáveis.
Meu pai trabalhou e, por consequência, morou em São Paulo durante alguns anos na década de 80 e eu, universitária ainda, me deslocava até lá para visita aos meus pais e irmãos. Estudava à época na Federal no Rio e não acompanhei a família. Era sempre muito estranho, quando íamos fazer algum passeio ou mesmo no prédio em que meus pais moravam, notar o preconceito no olhar, nas palavras, no esgar dos “paulistas” em relação aos “de fora”: nordestinos e nortistas principalmente. Ouvir e presenciar aquele comportamento me causava um enorme desconforto; me colocava de lado a reafirmar minha discordância com tamanha ignorância e atitude sob todos os aspectos deplorável.
Na minha família abominamos qualquer tipo de preconceito; entendemos que pessoas são pessoas e que o que as define não está em sua pele, formato de rosto, sexualidade ou qualquer outro fenótipo/genótipo ou na sua condição social. Pessoas são suas atitudes, seus compromissos, as oportunidades vividas, sua postura diante da vida e não as evidências exteriores de qualquer natureza.
Quanto à beleza, mencionada em algum ponto de seu relato, ela é apenas um adorno. Uma condição genética que não foi construída nem conquistada. Nada além disso; e que se perde com o tempo para desespero dos vaidosos e dos obcecados e acostumados a obter com ela vantagens, usando-a para seduzir, e não somente sexualmente o que é natural. Quando tudo se acaba – o corpo fenece dia a dia e não há cirurgia que lhe reponha o viço – só o que resta é o que carregamos EM NÓS. Como este relato tão pungente que você nos trouxe, histórias que nos marcaram e forjaram nosso pensamento e nossos sentimentos. Conheci, e me apaixonei, por homens nordestinos interessantíssimos, bonitos, fortes e por outros, “do Sul”, de lamentável comportamento, a despeito de sua “beleza”. A facilidade não forja, não molda. Ou seja, vale o que vai pela mente, pelo coração e o que transparece nas atitudes. É nisto que encontramos a beleza de cada um.
Seu post é muito importante e deve ser replicado sempre, já que o preconceito é uma chaga da qual ainda não nos livramos a despeito de toda “civilidade” e “modernidade” em que estamos pretensamente imersos. E que recorrentemente se manifesta para minha imensa tristeza com quem o manifesta e alimenta.
Responder
zegomes
12 de novembro de 2015 às 11:19 am
O que você escreveu é lindo, Anna. Obrigado, por reforçar e clarear com seu belo texto as idéias que eu estou querendo passar com o meu.
Responder
Anna Dutra
12 de novembro de 2015 às 11:34 am
Zegomes, quem agradece sou eu
É preciso lembrar que estamos todos sujeitos às mesmas intempéries e que não sabemos, de antemão, como será nossa descendência.
É, no mínimo, prudente evitar ser o acusador, apontar dedos e ser o primeiro a mergulhar as mãos na lama e sujá-las antes de lançá-la sobre os outros. Mãos sujas a apontar a sujeira?
Em nossa imperfeição nos tornarmos “modelos” ou o “padrão aceitável” é de uma pretensão patológica.
Obrigada.
Responder
jura
12 de novembro de 2015 às 5:26 pm
Cabeças desfeitas
Meu pai era cearense de cabeça chata. O único da família e um dos poucos que conheci.
Quer saber? A cabeça chata não passa de um mito. Não sei de onde surgiu, nem quem inventou.
Procuro na família, procuro nas viagens, o índice de cabeças chatas no nordeste é igual ao do resto do mundo.
“Os portugueses que colonizaram o Nordeste não são os mesmos que vieram de Portugal e colonizaram o resto do país?”
Não, os portugueses se distribuíram como os imigrantes nordestinos: em grupos. 30% dos cristãos novos foram para o nordeste. Fernando de Noronha era um deles.
Os negros que vieram da África também eram de regiões muito diferentes e se concentraram em lugares também diversos.
Se tu nasceu feio o problema é seu, caba! Meu não!
Responder
Wong
12 de novembro de 2015 às 5:39 pm
Constatação (não) Científica
A tal Ministra não estava errada.
O Lula é que deu uma Resposta Política.
Reparem que as Crianças e Jovens da Região Nordeste realmente são “lindos” (dentro dos Padrões Ocidentais).
Cabelos Leves com tons claros, olhos esverdeados, faces “caucasianas”.
Curiosamente, quando “envelhecem” ficam com as Maçãs do Rosto mais largas (efeito Cabeção), Narizes idem.
Enfim, adquirem o que se convencionou chamar de “Feios Nordestinos”.
Qem quer fazer um Teste?
Escolham Fotos de Nordestinas Globais.
Comparem o Antes (Jovens) e Depois (na “Melhor” Idade).
Todas, comeram melhor depois de velhas.
E, não digam que foi culpa do Botox…
Responder
lucianohortencio
12 de novembro de 2015 às 5:56 pm
Cabeça chata, sim!
Graças a Deus!
[video:https://www.youtube.com/watch?v=2VZk4BW5yKw%5D
Responder
Hans Bintje
12 de novembro de 2015 às 5:56 pm
Fatores nutricionais:
1) Não é o calor. Basta lembrar, por exemplo, dos Beduínos:
Retrato de um beduíno do deserto de Omã – fonte: http://fotosmundo.net/desiertos-michael-martin/
Beduino
2) A falta de ovos. Aliás, muito mais do que leite!
Além da proteína fornecida pelas claras, eis o efeito das gemas ( fonte: http://ensinandomusculacao.blogspot.com.br/2013/12/ovos-albumina-e-muitas-polemicas-parte-2.html )
“- Ácido Fólico : indispensável na gravidez, [também]
Hans Bintje
12 de novembro de 2015 às 5:56
Fatores nutricionais:
1) Não é o calor. Basta lembrar, por exemplo, dos Beduínos:
Retrato de um beduíno do deserto de Omã – fonte: http://fotosmundo.net/desiertos-michael-martin/
Beduino
2) A falta de ovos. Aliás, muito mais do que leite!
Além da proteína fornecida pelas claras, eis o efeito das gemas ( fonte: http://ensinandomusculacao.blogspot.com.br/2013/12/ovos-albumina-e-muitas-polemicas-parte-2.html )
“- Ácido Fólico : indispensável na gravidez, [também controla hipertensão, protege o coração;
– Colina : importantíssimo nutriente que aumenta o QI, melhora a memória e protege o cérebro contra doenças neurodegenerativas;
– Luteína e zeaxantina : substâncias fundamentais para o bom funcionamento dos olhos. A primeira ajuda, ainda, reduzindo inflamações no organismo;”
3) O sal habitualmente servido no interior do Nordeste é “puro” demais, sem traços de outros minerais que são nutrientes importantíssimos para a saúde humana.
Eis o que acontece ( fonte: http://melhorcomsaude.com/5-alimentos-brancos-que-sao-veneno-para-sua-saude/ ):
“O corpo precisa de sal, mas a opção refinada, também conhecida como sal de mesa, é um verdadeiro veneno para o organismo. (…)
Ele é nutricionalmente vazio e demanda muita energia do organismo para ser metabolizado, já que desequilibra os fluídos corporais e sobrecarrega o sistema de eliminação.”
4) A farinha de mandioca é ótima. Fonte: http://www.mundoboaforma.com.br/5-beneficios-da-farinha-de-mandioca-como-fazer-como-usar-e-receitas/
“– Promove o bem estar
Você pode até não emagrecer com a farinha de mandioca, mas certamente irá se sentir melhor após seu consumo. Isso porque a farinha de mandioca é fonte de triptofano e vitamina B6, dois dos nutrientes necessários para a produção de serotonina. E para que serve a serotonina?
Entre outras funções, a serotonina serve para melhorar o humor, aliviar o estresse, reduzir o risco de depressão e até mesmo combater a vontade de comer doces.
– É fonte de fibras
Apesar de não ser a farinha mais rica em fibras, a farinha de mandioca ainda assim é uma boa fonte do nutriente. As fibras são importantes porque ajudam a manter a saciedade por mais tempo e estimulam o funcionamento intestinal. Isso significa uma melhor eliminação de toxinas e a diminuição das temidas inflamações.
– Não inflama
Um dos benefícios da farinha de mandioca é justamente não inflamar, e ela pode ser utilizada por celíacos e todos aqueles com alergia à proteína do trigo.”
Responder
ivanmorais200
30 de março de 2017 às 9:40 pm
Fatores nutricionais e clima árido.
Os beduínos são bem feios, não são todos bonitos como esse…Nem de perto! Quem já viu sabe, pelo menos os da Argélia são bem feios. Fatores nutricionais, clima árido, a forma como dormem, tudo isso contribui. Uma criança que anda quilometros no sol, que cresce com carência de vitaminas, que nasceu de uma mãe também mal alimentada, que dorme em uma rede com o crânio mole, com certeza muda de aparência. Um negro americano é bem diferente de um negro africano pobre por exemplo.
Responder
ivanmorais200
30 de março de 2017 às 9:50 pm
http://st2.depositphotos.com/1209102/8141/i/950/depositphotos_81411502-stock-photo-bedouin-portrait-sahara-desert-in.jpg
Responder
Vivi Lefay
12 de novembro de 2015 às 5:58 pm
Este Blog já foi melhor frequentado.
Responder
juarez campos
12 de novembro de 2015 às 6:00 pm
É um poeta. Muito bom ler esta literatura, é como ler João Cabral. Acho que a cabeça inteligente nordestina vem do índio que deu origem ao mameluco e deste ao nordestino. Gente forte, inteligente, bom de papo, valente. Só Lula já valeu, contudo temos estas cantoradas e poetadas e romancistas, além dos garçons com nos servem nas churracarias gaúchas.
Feio é o tal de Ed Mota. Gordo, balofo e sem caráter.
Responder
Roberto Monteiro
12 de novembro de 2015 às 6:35 pm
Malvada ironia no texto:
Ed Mota, o “belo”.
Responder
armandolo
12 de novembro de 2015 às 6:41 pm
Isso mais parece um relato “cientifico” de Cesare Lombroso.
Responder
Maria Luisa
12 de novembro de 2015 às 7:13 pm
O povo brasileiro
Tudo tão institucionalizado ja dentro das cabeças. A gente nasce vendo filmes em que os brancos são “belos”, vendo novelas brasileiras com atores “suecos” e tudo em torno de nos, nos leva à essa deriva de que a beleza é necesseriamente branca, com traços delimitadamente finos.
Quem não consegue ver a beleza dos indios, dos negros, do asiatico, do arabe, da miscigenação, tem apenas um padrão que foi lhe condicionado desde o nascimento e, ca para nos, Zé Gomes, é mais um pobre de espirito preconceituoso.
Agora é valido tudo o que diz nesse interessante texto, para que se possa combater esse preconceito, mudar habitos arraigados, criar politicas publicas ainda de combate à desnutrição e ao mesmo tempo levar à maioria do povo brasileiro um pouco mais de auto-estima.
Responder
Morais Velente
12 de novembro de 2015 às 9:51 pm
Precisava dessa ofensa gratuita, podemos até não concordar com o que o outro diz, mas temos que respeitar, ainda mais algo escrito com o sentimento.
Roberto L. 12/11/2015 at 20:43
Mais um texto ridículo pra coleção “regional”, o sujeito não sabe a origem da expressão e ainda sai falando da mesma com “convicção” bovina.
Essa expressão “cabeça chata” foi criada em Pernambuco pra ironizar ou insultar cearenses, não é coisa de “sulista”, meu caro.
Essa piada da “cabeça chata” era a piada que era feita em PE com cearenses, “meio” que ironizando o Ceará ou debochando, porque a ideia que se tinha de PE é de que a gente sempre esteve um patamar acima do resto. Eu costumo dizer, sobre a expressão, que é o famoso “feitiço se voltando contra o feiticeiro”, uma expressão irônica local virou “ataque regional”, mas pra quem se sente ofendido com cretinice (coisa de quem se sente inferiorizado, literalmente).
Só que expressões não ficam restritas ao estado de origem, quem sai do estado espalha nos outros e ela passou a ser usada como algo “regional”, principalmente em SP e Rio.
Eu não tenho cabeça chata e nem a maioria dos pernambucanos têm “cabeça chata”, a expressão, grosseira, diga-se de passagem, foi criada em Pernambuco e você me solta um texto “coitadístico” desses como se todo mundo se sentisse ofendido por um sulista ignorante usar isso quando você não sabe nem a origem da expressão?
Como disse um colega abaixo, esse blog já esteve melhor frequentado. É bizarro como o brasileiro (generalização obviamente) se mete a comentar as coisas sem nem procurar saber a origem das expressões.
Pior ainda existir uma esquerda chata que acha que está defendendo região e sendo contra o preconceito com esse tipo de texto obtuso que não diz nada, já começa com um erro grotesco com a expressão como se fosse “verdade”. Parece gente que não conhece nada da região e se mete a falar do que não sabe.
Fulvia 12/11/2015 at 21:41
Quando eu era criança, tinha lá uns sete anos, perguntei pra minha mãe, por que os nordestinos tinham aquela cabeça, e aquela cara afundada, essa era a linguagem que eu conseguia me expressar em tenra idade, ao ver pessoas tão díspares de mim e dos meus. Minha mãe retrucara dizendo que eles eram assim porque dormiam em redes.
Quando cresci, pude notar um elevado complexo de inferioridade que acompanhava a maioria absoluta de nortistas e nor destinos que eu conhecera ao longo da minha vida. Certa vez perguntei a uma paraibana, por que eles eram tão complexados, e por que tinham uma tremenda baixa estima, com relação aos seus locais de nascimento. Ela se surpreendeu com minha sinceridade, e tentou sair pela tangente. Eu retruquei e disse: vocês têm um litoral tão lindo! Inúmeros europeus preferem as praias do nordeste, as do sul. Existe lá um potencial imenso para o turismo que é sub aproveitado. Ela não soube me responder. Esse complexo de inferioridade era tão evidente que qualquer um podia notar. Conheci nordestinos que não eram retirantes e mesmo assim preferiram largar suas pequenas propriedades e vir habitar uma favela violenta, suja e feia no Rio, a permanecer em sua terra. Trabalhei com uma cearense que a família toda emigrara para São Paulo, e somente ela morava no Rio. Pois bem, ela ao se referir a mãe, irmãs e irmãos, enfatizava sempre que eles moravam em São Paulo. O caso dos nordestinos é tão apavorante que até os times de futebol são preteridos em função aos do Rio e São Paulo. Jamais conheci gaúcho torcedor do flamengo. O mesmo se dá com os nortistas. Conheci uma criatura de Belém que de tão complexada que era, precisava afirmar a todo momento as posses econômicas e a influência política que sua família possuía em sua terra natal.
Observo que esse mesmo sentimento de inferioridade que acomete a quase totalidade de nortistas e nordestinos que emigram para o sul do país, é o mesmo sentimento de inferioridade que acomete as classes mais abastadas de brasileiros que querem e pensam em um dia fugir pra Miami. Segundo nosso colega de blog Ivan, Miami é considerada pelos demais americanos uma periferia. Entendo que ninguém gosta de pobreza, feiúra ou falta de educação, mas é preciso que cada um cure ou cuide de suas neuroses.
Os paulistas e paulistanos não vão gostar de ler o que vou escrever aqui, eles ao mesmo tempo em que são orgulhosos, também o são complexados. Conheci e conheço vários deles aqui na zona sul do Rio, e posso afirmar com toda certeza que prefeririam mil vezes terem nascidos no Rio a São Paulo.
Dizem que os cariocas são orgulhosos de nascença, pois que a beleza da cidade lhes dá essa primazia, porém jamais reconheci num carioca ou fluminenses (aqueles nascidos além da capital) nenhum traço de inferioridade e ou de baixa auto estima, o mesmo se dá com aqueles brasileiros nascidos no estremo sul do país. Jamais vi um gaúcho, um catarina maldizendo sua terra. Para amar o outro, é preciso que se ame a si próprio. Não é possível que alguém seja tão cego ou embrutecido que só veja beleza naquilo que é dos outros.
Roberto L. 17/11/2015 at 09:19
Fulvia, seu comentário é de um senso comum absurdo, tem tanto preconceito e bobagem que fui duro chegar até o fim sem ter raiva de ler.
Seu conhecimento da região é pífio. Sua ideia de região é totalmente distorcida, não conhece nada sobre identidades locais como a pernambucana, baiana etc.
Você nunca conviveu com a classe média desses dois estados, principalmente a de Pernambuco, iriam rir de você se você chegasse comentando isso, porque ninguém sente o menor complexo de inferioridade a você ou qualquer pessoa do Sudeste, do exterior etc.
E mais um dado: procure o ranking nacional de torcedores por estado e o meu tá lá na quinta posição (poderia estar melhor se não houvesse parabólicas no interior do Estado, principalmente no extremo-oeste que sofre influência baiana, e se os clubes não fizessem tantas campanhas ruins) nacional como estados onde a torcida local é maior que torcida de fora. Garanto a você que há mais torcedores de Náutico, Sport e Santa Cruz em PE do que de torcedores do Flamengo e cia no Rio sem torcer prum Real Madrid ou Barcelona. Você não tem a menor ideia do que é o nativismo pernambucano e sou obrigado a ler um festival de bobagens dessas.
Primeiro que até o mito regional é copiado e tirado do interior do nosso estado, pra tapar o buraco da falta de identidade de outros estados.
Por favor, antes de comentar algo, principalmente em questões que envolvem preconceito, procure conhecer melhor o que comenta antes de repetir bobagens que “ouve ao redor”, ou fruto de “experiências” com gente realmente complexada.
Tem muito carioca que não aguenta ficar em Recife e PE porque acha a gente hostil, arrogante e insuportável, mas a gente só se torna hostil quando alguém de fora repete esse monte de besteiras aqui, e não há complexo de inferioridade algum, somos conhecidos (de forma pejorativa até) pela “megalomania”. Veja o Lula, tem alguma coisa de complexado nele? Chamam ele de “ego inflado”, “megalomaníaco” etc, é uma característica comum do pernambucano típico, principalmente os recifenses (e ele nasceu no interior, mas de um lugar com brio forte).
Seu comentário foi tentando ser positivo e tal, mas só repetiu as bobagens que alguns coxinhas dizem, se bem que eu leio mais besteira sobre questão regional, Nordeste etc vindas da esquerda que da direita (ao contrário do que muita gente na esquerda pensa, que é a direita que dissemina certos tipos de preconceito).
E até fui injusto com São Paulo, até porque SP aparece mais na mídia com o caso, mas em PE o Rio é visto como lugar mais hostil à região do que SP. SP tem milhões de pessoas da região, pro Rio em geral vai em peso a classe média, classe média abastada de PE que é de uma arrogância insuportável, de fazer fascista europeu ter inveja. É porque vc nunca cruzou com um pra ter ideia de como são, principalmente os com bagagem cultural. Essa sua descrição regional pra gente não faz sentido algum (nunca fez), é até motivo de gozação local, onde a Globo (do Rio, com sua filial cravada em PE) adora reforçar estereótipos e é hostilizada (a emissora) pesado no Estado. A Globo muitas vezes foi hostilizada nos clássicos locais, Sport x Santa etc, porque é vista como “corpo intruso hostil”.
Eu não quero parecer chato, até porque não vou ficar como aquele pessoal histérico dizendo “vc me ofendeu, preconceito etc”, mas o que eu escrevo aqui serve de alerta porque se vc repetir isso na frente de um que pensa como eu (e são milhares), a resposta pode ser hostil, vc não verá piti, histeria etc, em geral o povo ironiza vcs com nuances de humilhação (é o tal ego inflado que citei acima, ou orgulho).
Vc precisa conhecer mais a História do país, comece pelo período holandês que vc entenderá melhor o teor do meu comentário, pegue os livros do Evaldo Cabral de Mello sobre PE que vc terá outra ideia do estado, e se puder o livro “A invenção do Nordeste” que aborda como essa “mitologia” ridícula foi criada na era Vargas. Sou a favor até da mudança do mapa regional do país pra liquidar de uma vez essa terminologia ridícula que transformaram em ideologia de exclusão no país.
Assista o filme “Lisbela e o prisioneiro” também, o Guel Arraes, radicado no Rio há décadas, faz várias ironias sobre vcs (do Rio) no filme, muita gente não entende as ironias dele, a não ser que: conheça o contexto cultural que ele cita (ele é pernambucano roxo) ou seja do estado e conheça a história do mesmo. O cara que é retratado no filme com sotaque carioca é literalmente uma gozação com o tipo e tb com o Rio, e quem faz o papel é um pernambucano (esqueci o nome do ator, Bruno alguma coisa, global). Vc não conhece esse lado da História, por sinal no filme tem uma “máfia” pernambucana de peso, mais os dois de Minas que eu sempre chamo de Estado da integração do país, pelo país geográfico de Minas e pelo espírito agregador do mineiro.
Liliane Soares 02/02/2018 at 15:35
Eu sou do nordeste e concordo com ela. Tem muito nordestino com “complexo de vira-lata” em relação ao Sul assim como o Brasileiro em geral tem em relação a gringo. Não é culpa deles, mas sim da má administração e divisão desigual de renda, agora falar que não há esse sentimento da parte de um ou outro é forçar a barra. E o caso de Pernambucano, especialmente classe alta e média é excessão mesmo, até pq é um dos estados mais desenvolvidos do NE, dão valor a cultura local… Agora pegue uma Alagoas da vida. Dificilmente tu vai encontrar alguém satisfeito, vão falar mais nos inúmeros problemas na região, etc…
Liduina 12/11/2015 at 22:53
Cabeça chata ou não, rosto redondo ou não, o que importa é desenvolver o cérebro. A qualidade de vida é um fator determinante. O clima é só mais um detalhe.
Usar 10% do cérebro, no mínimo, é mais importante que uma beleza burra.
RENATA CRUZ 14/01/2018 at 14:33
Concordo eu acho que tudo é questão de imposição cultural pois na Europa há tantos cabeças chatas deprimidos devido ao clima e doentes da personalidade…o problema é que no Brasil educar as grandes massas pode se tornar perigoso na boa…! quem gosta de ver um negro ou um nordestino fino e educado???
JOEL PALMA 12/11/2015 at 23:28
Sempre considerei que também há grande influência da miscigenação com índios, que têm as maçãs do rosto pronunciadas e o rosto arredondado. Principalmente no Ceará. Pode considerar também isso?
Roberto L. 17/11/2015 at 08:56
Joel, leia meu comentário abaixo que vc descobre a origem da expressão. O termo era referente ao Ceará. O que me espanta é ler um comentário entre o meu e o seu de uma pessoa que não conhece nada da História do país, tampouco da região, falar com tanta convicção sem nem ter ideia da origem do termo. Quem comenta o que a pessoa escreveu visivelmente não conhece nada da região, estados etc. O impressionante é como essa mitomania é difundida em SP, parece uma espécie de psicose social misturado com ignorância extrema. Essa expressão nem do Sudeste é, mas me espanta, primeiro o texto idiota, senso comum da pior espécie, e depois certos comentários supostamente “bonzinhos” mas atolados de preconceito de cima abaixo.
Eu não me sinto atingido pelo preconceito e tampouco com o ataque, ao contrário do que a cidadã comentou, minha auto-estima é bem alta (pernambucanos, alguns, têm a fama de uma arrogância peculiar, que na verdade é orgulho, mas quem tem baixa auto-estima confunde orgulho com arrogância), mas tem uma certa “esquerda” (entre aspas) que dissemina essas bobagens até mais que a direita. É o velho problema de gente A ou B falar do que não conhece, eu que conheço melhor meu estado (e a história dele) que muita gente no meu próprio estado e fora, sou obrigado a ler bobagens como esse texto quando acesso esse site. Pessoal deveria ler mais sobre um assunto antes de ficar escrevendo esses devaneios virtuais bizarros, que não passam de um externa de uma visão preconceituosa (é o que chamo de “preconceito do bem”, quando é de gente da esquerda o povo passa a mãozinha na cabeça, menos eu). Eu lembro do PT atacando a região nos anos 90 quando os rincões do interior da região votou na aliança PFL-PSDB, foi aí que começou pra valer essa neurose na web (não foi cria da internet, mas se difundiu assim).
Sempre digo que se a esquerda ficar apostando nessa babaquice de divisão regional, os tucanos agradecem. A direita tem muito mais ideia do país, nacionalmente falando, que certas esquerdas setorizadas do país. E conhece porque leem, porque não possuem a cabeça fechada analisando regiões por estereótipos de mídia e construções sociais do século XX (vindas do varguismo).
Eu leio menos muito neuroses sobre questão regional vindas da direita que da esquerda do eixo (Rio-SP). E acho que a preocupação desse pessoal com a questão é inócua, nenhum pernambucano (estou falando do meu estado, o Brasil é uma Federação e não “aglomerado regional”, formados por entes-federados e não “blocos”, sempre foi assim) pediu ajuda alguma de gente de outra região ou estado pra nos “defender”, a gente tem um instinto belicoso de auto-defesa que dispensa “ajuda” alheia, até porque quando o resto deveria ter ajudado (séculos atrás), correram (na época da briga com a coroa portuguesa).
Só lamento que tenham liberado meu comentário muito tempo após eu tê-lo publicado aqui, por isso que você não leu o comentário (espero que leia esse).
Roberto L. 17/11/2015 at 09:01
Adendo: e sim, a questão da “cabeça chata” ou “achatada” tem a ver com mistura indígena, endogamia e isolamento de colonos portugueses (principalmente) na região do Ceará (interior principalmente). Ou seja, um assunto interessante é transformado em festival de absurdos por gente preconceituosa que fica querendo “sensibilizar” os outros com esses comentários “coitadísticos” sem nem discutir com gente da região, sem nem conhecer direito a área, sem conhecer a cronologia do poder no país. Por mais de 3 séculos o eixo do país foi o que chamam hoje de Nordeste (a partir de Vargas), ou seja, quando os imigrantes europeus, árabes etc aqui chegaram no século XIX, já havia um país, uma civilização (pro bem ou pro mal), a influência desses grupos que vieram de fora é muito superestimada no país, principalmente na redemocratização do país a partir de 1985, e bate frontalmente no mito fundador do país (na mistura do português, índio e negro, que foi a ideia a qual norteia minha ideia de Brasil e de milhões), sem desmerecer as demais contribuições, mas uma não pode se sobrepor a outra.
A mídia brasileira fomenta desde 1985 divisão do país, só a esquerda brasileira não percebeu isso. A mídia do país (Globo) opera pros EUA, e os EUA adoram país dividido (fica mais fácil de dominar).
Bruno Dias 02/09/2016 at 00:44
Otima materia!
Otima materia!
É preciso limpar a alma outirar a <a href= “http://www.vulcanoad.com.br/gordura-no-figado/”> gordura no figado</a>
Leandro Martins 07/03/2017 at 03:07
Vim para ler o artigo a respeito das origens do povo nordestino e me deparo com elogios ao Lula. Desisti imediatamente de continuar!!
Matheus RC 13/09/2017 at 01:41
O formato achatado da cabeça é a grande proporção de sangue indígena no nordeste e norte nota-se o nariz largo e olho puxado também.
Gabriel Alves 18/02/2018 at 00:39
Texto feito por um leigo, sem o menor rigor científico, sem pesquisas por trás. Já conversei com um médico sobre o problema da cabeça chata que alguns têm, que é conhecido entre os profissionais como braquicefalia, e ele disse que não há conclusões sérias a respeito. A priori, sabe-se que não tem ligação com o calor. Há suspeita de fatores genéticos, mas também a posição do bebê no berço. Diante das pesquisas, é muita irresponsabilidade escrever e publicar um texto com uma série de ideias não comprovadas. Até mais.
Fábricia 25/08/2018 at 16:25
Sulistas
Ed Mora é feio( tá muito gordo), eu acho os sulistas feios de corpo!