Aflição na Terra Basca

Subitamente o autocarro parou. O condutor disse: todos descendo, todos descendo.

Ainda meio a dormir olhei pela janela. Havia dezenas de outros autocarros parados

E centenas de bagagens já no chão, emparelhadas, inclusive a minha enorme mala.

Todos deveriam trocar de autocarros.

Era a praça de uma cidade. Fiquei sabendo que se chamava Irun.

Muito tempo depois fiquei sabendo que era terra basca.

Amanhecia, talvez seis horas da manhã, via-se

As sombras das pessoas caminhando ao longe na neblina.

Desci do autocarro. De repente, meu ventre e minhas entranhas ingratas

Acharam que estávamos saindo da cama, em nosso lar, e exigiram,

Inadiavelmente, que fôssemos a uma casa de banhos.

Pedi calma, disse: sosseguem, por favor, agora não.

Não me ouviram. Olhei desesperado em volta.

O que parecia ser uma pequena estação rodoviária estava fechada.

Vi uma placa com uma seta apontando numa direção: Casa de Baños.

Corri, me segurando, angustiado e esbarrei na porta

Onde havia uma plaqueta que dizia: cerrado. Aflição completa.

Olhei em volta em busca de socorro.

Se me agachasse no chão, mesmo num canto mais escuro,

As pessoas me veriam. Já estava suficientemente claro.

Em total desespero enxerguei uma luz num canto distante da praça e caminhei para lá

Totalmente contorcido, à beira da ruína.

Logrei chegar, era um bar.

Havia jovens em final de noite, que buscavam na festa as cores do prazer.

Eu buscava sentar-me urgentemente num vaso sanitário e consegui.

Ao voltar, minha mala permanecia intacta no chão da grande praça.

Peguei-a e procurei o ônibus que ia para Münster, Alemanha.

Pelo jeito, não havia ladrões naquela terra.

Ah, sagrada Terra Basca, famosa em todo o mundo,

Terra de valentes com sede de Justiça,

Queria ter te encontrado em outras circunstâncias.

Ter me curvado a teu solo com um beijo.

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