Bach

A música, doce e encantada,

Coloca em fuga o diabo e torna exultantes os homens

Faz esquecer a ira, a impudícia e todos os vícios mortais,

Disse Lutero em suas teologias.

E os jesuítas afirmaram que as cantatas de Bach,

Os oratórios de Händel e os demais corais luteranos,

Levaram mais almas ao inferno

Que os escritos doutrinários dos reformistas.

Aquele austero sonido dos órgãos e dos baixos contínuos

Que eleva os homens a uma instabilidade mística.

Palestrina ao sul pelos católicos e papistas,

Bach ao norte pelos protestantes e luteranos.

Expedito e devotado

Em 1705 Bach foi a pé a Hamburgo aprender com Reincken

E a Lübeck para ouvir Buxtehude.

Wagner afirmou que era o mais sublime espírito da Germânia

Concentrado em um homem só,

O espírito alemão exposto em pródiga e luminosa música.

Quem perde dez filhos pequeninos, vendo-os definhar,

Os olhos se turvarem rapidamente pelas noites da morte,

O pranto, o ânimo desfalecido a dizer adeus,

Não poderá jamais ser o inventor de muitas alegrias,

Mas poderá penetrar furtivamente no mais secreto das almas,

Visitar com serenidade e compaixão as dores dos homens,

Seus lutos, lástimas e desconsolos. Seus corações dilacerados.

 

Storia della Musica – Alfredo Untersteiner

Johann Sebastian Bach – Karl Geiringer

Johann Sebastian Bach – Edition Bachakademie

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