O pensador negro Frantz Fanon fica muito irritado e implica
Com a imagem dos negros como símbolo sexual,
Sempre prontos para o amor, objetos do prazer e dos bacanais.
Diz que é fantasia de branco, neurose.
Pode ser fantasia sim, fantasia gostosa, louca, prazerosa,
Toda a vida é uma alucinada fantasia.
Ele teme que o senso comum reforce o estereótipo
De um negro serviçal, obediente até na hora da cama.
Ele teme o cartaz y’a bon banania, do infante senegalês,
Que mostra um soldado negro do Senegal sorridente,
Com uma risada grin, com todos os alvos dentes,
Comendo alguma coisa retirada de uma marmita,
Pronto a lutar pelos interesses do europeu, seu escravizador,
Matando pessoas negras no Madagascar e no Haiti,
Matando os bicots na Argélia.
Fanon fica incomodado com o negro festeiro e feliz,
Que em pleno orgasmo com uma mulher branca, grita:
Viva a Princesa Isabel, Viva Abe Lincoln, Viva Schoelcher!
Fanon teme que o negro continue a ser apenas um objeto,
À disposição do branco, submisso e servil, descartável.
Muitos desejam os negros,
Seus glúteos fortes e seus falos,
Seus bíceps bem evidentes e delineados.
Muitos fazem cirurgias, gastam muita grana,
Para copiar o natural do belo corpo negro.
E são muitas aquelas mocinhas brancas
Que gastam dinheiro suado, ganho com dificuldades,
Para colocar seios grandes e formosos,
Como os das africanas.
E as bundas de tanajuras como as de mulheres negras
São invejadas, desejadas.
Ninguém é uma máquina de sexo,
Apenas Deus infinito e eterno,
Manancial perpétuo da eroticidade e da vida,
É fonte do desejo perene e da sensualidade contínua.
Os corpos negros não são uma máquina de sexo,
Eles são perecíveis, sujeitos ao tempo e à podridão.
São apenas belos corpos femininos e masculinos,
Transitórios, graciosos e atrativos,
Quando florescem, deslumbrantes, em sua primavera.
Deveríamos acha-los feios e repugnantes?
Há algo de errado com o voluptuoso e o belo?
Jacques Roumain não sugere
Pegar os pastores, missionários e ulemás,
Que só falam de pecado e abominam o prazer do sexo,
Agarrá-los pela barba e dar um chute no cu?
Pele Negra Máscaras Brancas – Frantz Fanon
Poema “Sales Nègres” – Jacques Roumain