Negros

Arrastados no meio de imensa dor, coagidos pela força e pelo furor

Vocês vieram enfeitar o Brasil, trazer a graça e os sons de sutil nostalgia

Os sons devassos, a beleza, a volúpia e o samba,

Feliz de quem cai nos agrados de vosso prazenteiro vigor

E experimenta o prazer de vossa amizade sincera ou de vosso ardor

Negros, quem poderia ser amante melhor que vocês?

Quem sabe melhor que tudo é breve, tudo é brevidade, bolha que logo vaza

E por isso guarda cada momento casual de gozo com carinho e fervor

Numa canção enamorada ou no regalo de uma deleitosa noite de amor?

Quem conhece melhor que a vida é triste e, no entanto,

Que nunca nos devemos submeter à tristeza e à prostração?

Mas em cada brecha que se nos apresenta de um pequeno momento feliz

Transitório, fugaz, precípite monção

Podemos pular, dançar, bailar, nos festejar, nos olhar, nos amar, porque

Se tudo passa alucinadamente e tudo é tão inconstante e veloz,

Vamos nos jogar na alegria suada de uma madrugada insana de samba

E tocar, relar, mexer, grudar, nos corpos negros dos bambas.

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