Copacabana

Copacabana não seria a tal,

Tão formosa, glamourosa, tão elogiada e desejada,

Se em suas areias se deitassem

Apenas os bacanas que por lá residem, ou os turistas,

Cheios de grana, entediados com seus fartos prazeres,

Com suas manias e artimanhas de senhores e superiores.

Mas o fulgor de Copacabana é intenso,

Como relâmpagos que sacodem um céu até então sonolento,

Como orquídeas que erguem braços aveludados

Despontando coloridas

Entre as ramagens verdes que baixam da Tijuca,

Quando desce a galera do morro no domingo,

Aqueles que um dia eram apenas os escuros, os serviçais,

Que varriam as mansões, limpavam a merda e os vômitos,

Quando rompem numerosos

Aqueles que vieram do sertão para trabalhar na grande cidade,

Com seus jovens filhos graciosos nascidos nos subúrbios,

E estendem sobre a areia luminosa

Alva e libidinosa, ardente, perigosa

Os corpos brilhantes e esplendorosos, ensolarados,

Escandalosamente belos na manhã de assombrosa luz.

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